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sexta-feira, 31 de julho de 2015

Coletânea de fotos contemporânea de Cataguases – MG


Coletânea de fotos contemporânea de Cataguases – MG 

João Carrara Neto




PRODUÇÃO: 
João Carrara Neto 

FOTOS: 
Lud Zorzi,
Pedro Almeida, 
Felipe Fernandes, 
Henrique Frade, 
Luiz Cláudio Souza, 
Kimura Filho e 
Flávia Carias








O último apito

O ÚLTIMO APITO


Robson Matos



Por anos ele apitou,
complicou, sujou,
mas também marcou!
Marcou infâncias, adolescências, gerações!

Fez parte da história,
fez a cidade crescer!
Trouxe e levou riquezas.
Café, tecidos, papel.

Com ele embalávamos os sonhos,
perdíamos o sono!
Na sua linha brincamos.
Na sua casa aprendemos.

Travessuras e aventuras foram vividas ao seu redor.
Lágrimas e sorrisos foram arrancados a cada chegada ou partida.
Encontros e despedidas foram vistos na sua casa.
Algumas vidas foram tiradas com sua passagem.

Hoje ele parte pela última vez!
Hoje ele faz sua última viagem,
dá seu último apito,
pela última vez interrompe nossos sonos .

Seu último apito trás o alívio.
Alívio da certeza de que nenhuma vida será mais perdida!
Nenhuma poeira será mais lançada,
mas também trás a saudade!

Seu último apito carrega uma história,
vários sonhos,
várias lembranças!

Lá se vai, pela última vez, o trem!
O trem que fez parte de uma cidade!
Lá se vai uma paisagem,
de uma cidade com milhares de paisagens!
Lá se vai o apito!



terça-feira, 28 de julho de 2015

Cafézando

CAFÉZANDO


Robson Matos

Um café,
um dedo de prosa,
um monte de risadas,
lembranças infinitas!

Lembranças de brincadeiras,
de bagunças,
de brigas,
de correrias! 

O café esfria,
mas a memória ainda rodopia,
lembranças daquela rua,
daquelas meninas,
daqueles meninos!

Havia sonhos,
havia corriola,
havia a menina do fim da rua!
Só não havia a ideia de onde chegaríamos!

Em torno da mesa do café,
de novo é muita alegria,
histórias contadas,
vergonhas passadas,
vidas vividas!

Como é bom!
É bom ter historias!
É bom o café com risadas!


ELA

Ela 

Jose Ribeiro Pacífico


Bela e Travessa Inquieta meu coração Sacode minha alma Sem pedir perdão Ela me vira do avesso Me torna transparente Essa Mulher, bela e travessa Que invade meu inconsciente Abandona meu olhar Vai embora ao me notar Essa Mulher bela e travessa Que só posso desejar Fez travessuras Com meu coração Bagunçou minha vida Fiquei na solidão

FALA

Fala 

Jose Ribeiro Pacífico 

SUA FALA
            QUE CALA
ALCANÇA
A ALMA
QUE FALA
              A FALA
              DO OLHAR
               QUE CALA
AO VER
VOCÊ PASSAR



segunda-feira, 27 de julho de 2015

Trilhos

TRILHOS

Robson Matos


Passeio leve e inocente,
às vezes sobre dormentes,
às vezes sobre trilhos.

Seguem os dois inocentemente,
mãos entrelaçadas suportando,
segurando, protegendo...

Quase enamorados,
seguem os dois no silêncio!
Silêncio quebrado vez ou outra,
pelas batidas de seus corações! 

O caminhar é longo,
o prazer imenso!
O desejo é grande, 
mas a timidez  é maior! 

De longe avista-se o trem!
Seu barulho quebra o momento,
quebra o silêncio,
transformando a despedida
em um sorriso leve e doce!

Aquele monte de ferro os separou!
Os trilhos os separaram!
A inocência uniu seus corações!


domingo, 26 de julho de 2015

Re-Criança

RE-CRIANÇA

Robson Matos


O sol se põe,
logo o barulho se inicia,
o corre-corre anuncia:
tem pique bandeira, queimada e bola sobre a calçada!

Biloscas, carniças, capetão ...
O chefe mandou e a bola rolou,
mas rolou onde não podia!
A praça assiste àquela correria!

Risadas, corriolas, brincadeiras, brigas,
Pura inocência!
A inocência do passar anel, 
do pera, uva e maça,
do violão na escada molhada,
da campainha incendiada.

Noites de "zuada"! 
Noites de criança!
Noites da minha infância! 
Noites de cadeiras na calçada! 

Re-crio!
Arrepio!
Viajo! 
Tempos passados!
Tempos bons!
Tempos felizes! 

Por um momento,
re-nasce em mim a minha infância!
Sou uma criança novamente,
é a Re-criação!
é a Re-creação!
é a Re-criança!


sábado, 25 de julho de 2015

Lembranças

LEMBRANÇAS

Robson Matos

Me perco nos sonhos,
nas lembranças!
Enveredo-me!
Embebedo-me com os cheiros e sabores.

O picolé na pracinha,
a manga roubada,
o jambo, o abio, a carambola verde!

Quanta infância!
Quantos sabores!

O pé descalço,
o joelho ralado 
e até o beijo roubado
com sabor de pera, uva e maça!

A calça curta,
o pé de ingá,
o sabor do jamelão.

Entre sonhos, sabores e lembranças,
sinto de novo o cheiro!
Sinto de novo o sabor!
Sinto de novo o valor de uma infância bem vivida!

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Lapa 3:22


LAPA 3:22

Marina Trigo Matos

Laranja marcante, lixo. Ele me marca e eu vejo pombos. Fraldas, camisinhas, copos e papel. 
Anúncios e propagandas. Vejo comida, restos, riscos, resquícios, cartas e fotografias. Vejo plásticos e sonhos. Vejo marrom, vejo sujeira e o suor do trabalhador no pleno frio carioca. Ele escorre, e seca. Sorrisos e bondade. "Boa noite menina, vá com Deus". Sigo e espero. E ainda tem os que dizem que não há realidade na classe trabalhadora.



terça-feira, 21 de julho de 2015

EM-BRAÇO

EM-BRAÇO
Robson Matos 

Abraço!
Embaraço! 
A alma toca,
ao som de dois corações! 

Silêncio que toca,
as auras que se chocam, 
os lábios que se entretocam, 

Coração que palpita,
vida que toca,
boca que treme,
tornando a perna mambembe e
a mente pede:

Me abrace!
Me embarace!
Me enrosque!

Avaliando

AVALIANDO
Robson  Matos


Entre provas e notas
Entre zap zap e face
Tarefa que segue,
mesmo que árdua!

Avaliar!
Reavaliar!
Qual o sentido?
Qual a medida?

A medida do conhecimento!?!?!
Mas, qual conhecimento!?!?!
Conhecimento de qual  momento?
Momento da prova?
Momento do período?
Momento da vida?

Questionar!
Aprender!
Conhecer!
Maturar!
E um dia chegar!

Onde?
No ideal!
Na maturidade!
Que maturidade?
De não mais avaliar!

Por enquanto, a ladainha continua,
Notas são provas!
E provas?
São notas?



AMAR-ras

AMAR-ras 

Robson Matos

Amar sem amarras
Assim amarás
Amarás e não amarrarás
Amor é livre
Amor é liberdade

Liberto-me das amarras!
Amo!

Amor sem correntes!
Amor sem controle!
Amor sem AMARRAS!

Quero amar,
quero correr,
quero ser livre,
quero um amor sem AmarRas!

AME!
Não AMARRES!



sábado, 11 de julho de 2015

Jalecos Verdes Maduros

JALECOS VERDES MADUROS.
Robson Mendes Matos

Lá se foram mais de 40 anos! Uma vida! Quantas transformações assistimos? O lema “Brasil Ame-o ou Deixe-o” começa a ser abandonado por muitos de nós e trocado por um novo lema: “Abaixo a Ditadura!”. Assistimos à “... volta do irmão do Henfil e de tanta gente que partiu, num rabo de foguete...”! Assistimos ao povo brasileiro voltar a escolher um presidente e até votamos pela primeira vez! Vimos o Brasil passar de tri a pentacampeão, além de ver a Jules Rimet ser derretida! Tornamos a aplaudir o Hino Nacional! Voltamos a ser um povo livre, com um livre pensar! A Guerra Fria acabou, a União Soviética se desintegrou, o muro que dividia uma nação ruiu! No Brasil, fomos para as ruas e derrubamos um presidente! A política brasileira ainda está sombria, mas já bem distante dos tempos que ainda vestíamos Jalecos Verdes.
Hoje estamos crescidos! Viramos mulheres e homens, mas durante um final de tarde nos deixamos voltar aos tempos de meninas e meninos novamente. Muitos de nós sentimo-nos como no primeiro dia de aula! A ansiedade de rever e reconhecer os “re-novos” amigos! O prédio não mais cheira a novo, mas as novas gerações não deixaram o mofo o consumir!
A alegria tomou conta do rosto de todos! Abraços, risadas, beijos, surpresas eram as alegorias principais daquela re-entrada no prédio que inauguramos! O portão por onde passamos por quatro anos foi tomado de meninas e meninos! Estava nítido que mesmo com todas as transformações físicas sofridas, ali ainda estava um bando de crianças felizes. O sinal, o mesmo antigo sinal que anunciava o horário da entrada, teve que tocar insistentemente por várias vezes, para que aquela mulecada resolvesse tomar o rumo das salas de aula.
Opa! Onde está a D. Neuza para carimbar nossas carteirinhas? Onde está nossa eterna diretora para fiscalizar o uso do uniforme, o cumprimento das saias, a forma que os kichutes estão amarrados? Onde estão aqueles que vendiam “carimbadas” de “PRESENTE” para os que faltaram ao dia anterior? Onde está o meu amigo que roubava o carimbo da D. Neuza para carimbar as costas das coleguinhas? Onde está?
a Variant, alvo de tantas travessuras? À medida que nos dirigimos para o corredor das salas de aula as histórias vão sendo revividas nas nossas memórias! Lá vamos caminhando e contando aos nossos filhos e netos as histórias vividas naquele prédio.
As transformações no prédio apagam as lembranças físicas de bagunças feitas! Os vestiários não existem mais e com ele se foram os buracos usados para observarmos as meninas durante o banho e vice-versa! O professor de Educação Física não pode mais ficar preso na sala de bolas! Nosso coleguinha não pode mais ser derrubado do pé de jaca e nossos amigos não podem mais regurgitar jaca durante a aula! Os coelhos não podem ser mais libertados para se alimentarem da couve na horta cultivada por nós! Eles também não podem ser mais degustados durante as aulas de Educação para o Lar, que, aliás, tiveram as suas agulhas roubadas pela última vez! Os microscópios, que foram fontes inspiradoras de alguns apelidos criados para os colegas, não mais existem! A tão temida sala da diretora, frequentada insistentemente por alguns de nós, mudou de lugar!
Porém, apesar disto tudo, temos a nítida certeza de que cada uma destas infinitas histórias está guardada nas memórias e nos corações de cada um de nós! Se cada um dos tijolos deste tão amado prédio tivesse um único minuto de voz, todas estas histórias seriam contadas e muitas risadas seriam ouvidas.
Estamos novamente organizados para ouvir ao Hino Nacional! O temor por nossa diretora dá lugar à admiração! Hoje entendemos o papel que ela exercia e a agradecemos por ter agido desta maneira! Hoje, mesmo voltando ao tempo de criança, temos uma visão menos rebelde.
Em seu discurso a nossa diretora deixa transparecer toda a sua doçura! Doçura esta que muito provavelmente ela sempre teve como característica. Nossos olhos que talvez não a enxergassem. Não mais somos chamados à sala da diretora, pelo contrário, ela sim é chamada para posar ao nosso lado para um tão orgulhoso “selfie”! Ela, agora dando-se  o direito de demonstrar todo seu carinho de forma mais clara, pronuncia palavras de carinho e acaricia a cabeça de cada um de nós com grande espontaneidade e pura veracidade.
Nosso querido vice-diretor também se fez presente, ao lado de muitos de nossos amados professores e funcionários.
Atentos a tudo estão maridos, esposas, filhos e netos. Dentro deles, com certeza, surgiu o desejo de ter sido um Jaleco Verde.
Nem todos puderam estar presentes, por motivos diversos! Compromissos agendados previamente, compromissos inadiáveis surgidos de última hora ou imprevistos fizeram com que eles se ausentassem. Esperamos que alguns destes ausentes possam substituir o termo “AUSENTE” na carteirinha quando da realização do próximo! Outros se fizeram ausentes por não estarem mais na dimensão da Terra. Porém, temos a certeza de que estes ausentes estiveram presentes no coração e nas mentes de cada um de nós!
Algumas lições foram também aprendidas nestas poucas horas dentro da nossa antiga escola!
SOMOS JALECOS VERDES PARA SEMPRE, MESMO QUE MAIS MADUROS! NEM MESMO O LONGO PERÍODO DE SEPARAÇÃO ENTRE NÓS FOI CAPAZ DE DESTRUIR A AMIZADE E A UNIÃO CRIADA EM TORNO DA NOSSA VESTIMENTA QUE SE TORNOU NOSSA MARCA REGISTRADA:

OS JALECOS VERDES! 

Jalecos Verdes

Este texto foi  motivado pela emoção da criação de um grupo no Facebook de ex-alunos da antiga Escola Polivalente de Cataguases. Uma escola criada pelo Governo Militar, mas que de alguma forma marcou nossas vidas. Hoje, com o olhar mais maduro, acho que nesta escola começamos a aprender como fazer a resistência ao Governo Militar! 
O texto acabou gerando um vídeo (veja o link ao final), produzido por outra estudante da escola, Elizabete Abrita de Souza.

AS JALEQUINHAS E JALEQUINHOS VERDES.
Robson Matos
Idos de 1972, tempos politicamente difíceis! Eram? Acho que não sabíamos! Éramos meninos e meninas vivendo um misto de apreensão e expectativa! Recém-saídos do grupo escolar e se deparando com um momento totalmente novo! Os meninos talvez estivessem vestindo calças compridas pela primeira vez na vida, pelo menos na frequência de cinco dias por semana.
E quando as aulas se iniciam, o medo começa a se esvair. Eram muitas novidades! O prédio ainda cheirava a novo! As antigas carteiras de grupo, nas quais várias vezes prendíamos as pernas, tinham sido substituídas por mesas individuais! “Nossa, que máximo!” – diziam alguns. O troca-troca de salas era a grande novidade, até mesmo para meninas e meninos da mesma idade em outras escolas. Era também um misto de apreensão e alegria! Os menos tímidos se alegravam! Era o momento de interagir, de brincar de paquerar inocentemente! Os mais tímidos se amedrontavam! Era o momento do hoje chamado bullying! Atualmente, muito combatido. Entretanto, como um dos tímidos, não considero que ele me trouxe traumas futuros. Pelo contrário, me fez crescer! De repente o novo começa a se tornar corriqueiro! E muito rapidamente surge a união entre todos! Surgem as brincadeiras saudáveis! Nem mesmo o temor pela diretora fez com que as brincadeiras se amainassem! Pelo contrário, este temor nos fez mais ousados! Ah! O que dizer daquele corpo docente! Na sua grande maioria, doces e meigos! Alguns nos faziam tremer quando chamados à frente, outros nos acolhiam e se tornavam nossos protetores contra a braveza da diretora! É quase como a música diz: “Que saudade da professorinha...”
O jaleco verde, nossa marca registrada, era motivo de gozação pelos amigos de outras escolas. Aquilo nos uniu ainda mais! Nos tornamos fortes no esporte! Nos tornamos vencedores! Hoje estamos aqui revivendo, rindo, nos divertindo, comprovando que o Alzheimer ainda não chegou e acima de tudo reconhecendo quão importante o Polivalente foi para todos nós! De novo recorro à música: “Eu era feliz e não sabia!”.
ORGULHO DE SER JALECO VERDE!
O POLIVALENTE TORNOU-ME O QUE SOU HOJE.
O POLIVALENTE NOS TORNOU O QUE SOMOS HOJE.