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segunda-feira, 8 de junho de 2020

Ministro da Ressurreição confirma que “É uma gripezinha”?


Ministro da Ressurreição confirma que “É uma gripezinha”?
Robson Matos


De corona morrestes, como Covid não contarás!
(Pazuello 6:2020)

A tática que o Ministério da Saúde vem utilizando em relação ao Boletim Epidemiológico é um erro crasso, acarreta em dificuldades para combater a pandemia e levará a um aumento bastante acentuado no número de mortes.

A manobra de ocultação de dados foi utilizada com muita frequência pelo Regime Ditatorial no Brasil (1964 a 1985) em várias situações. Os Presidentes Militares só divulgavam os dados que fossem favoráveis ao regime. Na década de 1970, o combate à epidemia de meningite foi extremamente prejudicado pela falta de informações sobre o avanço da doença. Recentemente abordamos o tema nesse blog (veja aqui).

A falta de transparência das gestões durante a Ditadura Militar dá a falsa impressão, para alguns poucos, de que não havia corrupção naquele período. Não se esqueçam que durante esse período, o Brasil vivia sob uma forte censura à imprensa e divulgação de casos de corrupção poderia prejudicar o regime. Todavia, alguns casos vieram à tona. Dentre os mais falados estavam o “Escândalo Luftalla” e o “Caso Delfin”. No primeiro, o Banco Nacional de Desenvolvimento BNDE – hoje BNDES – emprestou dinheiro público a uma empresa em situação de falência que pertencia ao sogro de Paulo Maluf. Já o Caso Delfim ocorreu quando da quebra do grupo Coroa-Brastel. Ernani Galveas – Ministro da Fazenda – e Defim Neto – Ministro do Planejamento – e foram acusados de favorer o grupo desviando empréstimos concedidos pela Caixa Econômica Federal[*].

Não me causa surpresa que a militarização do MS não nos levaria a bons termos no combate à pandemia, como já apontei aqui no blog (veja aqui). Não devemos perder de vista que a formação de um bom militar envolve o aprendizado na ocultação de planos e táticas de guerra a serem usados contra o inimigo e nisso eles são bons. Ao que parece, o Ministro da Ressurreição levou muito ao pé da letra o que autoridades e imprensa propagaram: “Estamos em Guerra”! Senhor Ministro, a expressão foi utilizada em termos figurativos, caso Vossa Excelência não tenha entendido.
  
Senhor Ministro da Ressurreição, tenho certeza que Vossa Excelência, ainda no Ensino Fundamental II, aprendeu sobre Linguagem Figurada. Vou refrescar vossa memória, embora, Vossa Excelência possa não estar preparado para isso:

A linguagem figurada é uma ferramenta de comunicação que é utilizada para dar mais expressividade ao discurso e, assim, aumentar o significado das palavras ou frases. Ela, também, pode ser utilizada para criar significados diferentes ou quando o interlocutor não acha um termo adequado para o que ele deseja comunicar.

No caso de Vossa Excelência não ter conseguido relembrar, vou dar um exemplo prático.

O Ministro da Ressurreição convidou o ex-Ministro Coveiro para ser assessor no MS, mas deu com os burros n’água!

Senhor Ministro, na frase acima, a expressão “dar com os burros n’água” não significa que Vossa Excelência  seus burros afundaram na água durante uma travessia. A expressão tem o significado de que Vossa Excelência “se deu mal” ao fazer o convite. Mas, para fixar, vamos a mais um exemplo:

O Ministro Coveiro deu com a cara na porta ao chegar na casa do Bobo da Corte.

A expressão “deu com a cara na porta” pode ter um duplo sentido: Vossa Excelência chegou na casa do Ministro da (des)Educação e ele lá não estava ou, ainda, Vossa Excelência, com raiva de si mesmo por ter ido visitar tal traste, começou a bater com a cara na porta. Mas, acho que Vossa Excelência não faria isso, mesmo concordando que ele é um traste.

Espero ter ficado claro. Caso necessário, posso desenhar. “Talquei”?

Bom, mas retomemos ao problema da falta de transparência dos dados sobre a pandemia. Quando estamos diante de uma crise sanitária causada por uma doença contra a qual não dispomos de remédios com eficácia comprovada e/ou vacinas, o único instrumento para detê-la é o isolamento dos focos da doença. Para isso, é imprescindível dispormos de dados confiáveis. Como não temos infraestrutura para uma testagem em massa, precisamos conhecer com precisão onde a doença está se espalhando. Outro fator importante no combate a uma pandemia é que a sociedade tenha total confiança nas autoridades de saúde.

Senhor Ministro da Ressurreição, não há como negar que Vossa Excelência não passa qualquer confiança para a sociedade. Vossa Excelência perdeu a possibilidade de passar tal confiança a partir do momento que acatou o clamor desesperado da Rainha Louca e liberou a cloroquina. Diga-se de passagem, Vossa Excelência não tem formação na área de saúde. Equivocou-se, também, quando aceitou o apelo para divulgar o Boletim Epidemiológico às 22h atendendo ao pedido da monarca. Pois é, General, Vossa Excelência caiu do cavalo – atenção, fiz uso de uma figura de linguagem – a vinheta de Urgente da Globo teve mais audiência que o Jornal Nacional.

O Ministro da Ressurreição ficou mais desacreditado ainda quando da entrevista do ex- futuro Secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde ao jornal O Globo. Do alto de sua arrogância e prepotência ele afirmou que os dados da Covid-19 eram “fantasiosos ou manipulados” (veja aqui). O senhor Wizard pode ter imaginado que o Ministério da Saúde faz uso da mesma prática que ele deve usar nas suas lojas de produtos naturais. Talvez, em suas lojas os preços sejam manipulados e seus produtos sejam fantasiosos. Enfim, o arrogante Wizard saiu sem nunca ter entrado. Sentiu que nós, antifascistas, temos o poder de chamar um boicote poderoso às suas empresas.

A partir da entrevista de Carlos Wizard o Brasil perdeu a credibilidade até da comunidade científica internacional. A Universidade John Hopkins parou de informar, por algumas horas, os dados sobre a doença no Brasil. Existe, inclusive, um risco de a Universidade de Oxford desistir de testar a vacina no Brasil. A universidade britânica pode se perguntar: “será que os dados serão confiáveis”? Nós, cientistas, teremos que trabalhar no sentido de mostrar para a comunidade internacional que a ciência no Brasil é séria e não oculta dados e que essa é uma prática da República da Rainha Louca.

A credibilidade foi ainda mais diminuída quando o MS divulgou o Boletim Epidemiológico e algumas horas depois um novo Boletim foi divulgado e nele constava 857 defuntos que haviam ressuscitado”   ou ocultados

Classificar como irresponsável a manobra do Ministro da Ressurreição é o mínimo se quisermos ser educados. Todavia, tendo a querer classificá-la como uma manobra genocida.

Paremos a Rainha Louca, ou o Brasil será destruído!


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