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domingo, 7 de junho de 2020

A Rainha Louca namora com o fantasma de Mussolini


A Rainha Louca namora com o fantasma de Mussolini
Robson Matos


E derrubareis Bolsonaro, e a felicidade vos libertará
(Povo 7:6)


A história é nosso mestre para combatermos um bom combate. Só derrubaremos a Rainha Louca se entendermos o seu projeto e para isso, precisamos de voltar 101 anos no tempo[*].

Em 23 de março de 1919, Mussolini fundou em Milão o grupo “Fasci Italiani di combattimento”. O grupo era constituído basicamente por ex-combatentes da Primeira Guerra Mundial que estavam desmobilizados e desempregados, além de jovens da classe média italiana. Eles se autodenominavam “fascistas”. A palavra origina-se do fascio littorio, símbolo da República e do Império Romano. O fascio littorio foi, então, incorporado como símbolo por Mussolini para representar a força e a glória.


Com o crescimento do grupo “Fasci Italiani di combattimento”, Mussolini cria o Partido Nacional Fascista PNF – em 1921. O objetivo dos fascistas era ascender ao poder através do processo eleitoral, mas, em caso de necessidade usariam a violência para chegar ao poder. Eles conseguiram ascensão política através das suas “gangues de camisas negras”, constituídas de homens vestidos de preto que atacavam os opositores do PNF, através do uso de violência.


No início da década de 1920 o socialismo estava apresentando um avanço na Itália e isso acarretava em um grande temor. Assim, o fascismo obtém grande apoio político e consegue a adesão do bloco de direita que estava no poder. O maior apoio ao PNF estava concentrado no norte da Itália. Sob a bandeira do combate ao socialismo, o movimento fascista ganha muita força e começa a conspirar para assumir o poder.

Mussolini começa a controlar a força e a agressividade dos membros do PNF para melhorar a imagem do partido e criar alianças com a monarquia, a Igreja e os industriais. Porém, ele não conseguiu conter a violência e os fascistas tentaram, com o uso da força, tomar o poder em Milão, Trento e Bolzano. Várias outras cidades foram tomadas e a sociedade começava a demandar o uso de força para combater o socialismo.

No dia 16 de outubro de 1922, os fascistas começam a organizar a Marcha sobre Roma que tinha como principal objetivo pressionar a Monarquia Italiana pela nomeação de Mussolini como Primeiro Ministro. Nesse momento, Mussolini já contava com um grande apoio da classe italiana mais abastada economicamente para que ele fosse o Primeiro Ministro. Ele, então, percebeu que poderia chegar ao poder sem o uso da violência.

Havia, no dia 28 de outubro, nos arredores de Roma mais de 30 mil fascistas fortemente armados e foi quando Luigi Facta – Primeiro Ministro à época – pede ao Rei autorização para decretar estado de emergência e assim convocar o exército para combater os fascistas. Entretanto, Emanuel III nega o pedido do Primeiro Ministro, força a demissão de Facta e convoca Mussolini para ser o Primeiro Ministro. Em 30 de outubro, Mussolini parte de Milão para Roma e mais fascistas se dirigem para a capital italiana.

A Itália não se transformou em um regime ditatorial de imediato. Essa transformação só foi ocorrer em 1925 quando Mussolini declarou-se ditador e impôs um governo totalitário. Assim, a liberdade de imprensa e a realização de eleições foram abolidas, partidos políticos foram dissolvidos e foi constituído um tribunal para julgar os opositores ao fascismo. Os sindicatos foram obrigados a se unir à Confederazione Nazionale dei Sindacati Fascisti e passaram a ser controlados pelo Estado. Impõe-se a censura à imprensa, houve o estabelecimento de uma polícia secreta e os conteúdos programáticos das escolas eram controlados pelo Estado. A Ditadura de Mussolini se estendeu por mais de 20 anos e só teve fim após a Segunda Guerra Mundial.

O fascismo de Mussolini tornou-se referência para regimes autoritários, especialmente para Hitler. Mussolini apoiou o regime nazista alemão e acabou derrotado, juntamente com Hitler, na Segunda Guerra.

A derrota de Mussolini não representou o fim do fascismo como uma ideologia política e ainda inspira muitos movimentos de extrema direita. Para muitos historiadores, o fascismo ainda é um dos termos políticos mais indefinido.

Um movimento de extrema direita é caracterizado por se opor aos princípios da Revolução Francesa (Igualdade, Liberdade e Fraternidade), porém, esse movimento pode não ter uma tendência totalitária. Com a ausência de um regime totalitário ou sem a submissão da sociedade a uma hierarquia militarizada, não estamos diante do fascismo.

Estamos diante do fascismo quando um movimento de massas organizado militarmente tenta tomar o poder e transformar o regime em um regime totalitário. Em suma, transformar a imprensa, os sindicatos, os partidos políticos, as escolas, o Legislativo e o Judiciário em instituições sob o controle do Estado.

Passada essa pequena abordagem histórica, podemos tentar fazer uma comparação entre os modi operandi de Mussolini e da Rainha Louca.

Assim como Mussolini, a Rainha Louca começou o seu projeto a partir de uma cidade rica economicamente – Rio de Janeiro – e criou o seu grupo de apoio, no caso, os milicianos. Aliás, onde está o Queiroz?

Embora a violência e o uso da força sempre estiveram presentes nas campanhas da Rainha Louca, a sua ascensão ao poder se dá através das urnas. Outra narrativa presente no discurso da Rainha Louca é combate ao comunismo – embora o comunismo nunca tenha existido no Brasil. O discurso “antipetista” e o temor de o “Brasil virar uma Venezuela” levaram a Rainha Louca ao poder. “Talquei”, houve, também, uma forte ênfase na narrativa do “combate à corrupção”. Todavia, muitos sabiam que a corrupção sempre foi um hábito no clã da Rainha Louca. Se você não sabia, basta ficar um pouco mais atento nas denúncias que têm pipocado cotidianamente: gastos excessivos com combustíveis, práticas de rachadinha, funcionários fantasmas, etc.

Com o poder nas mãos, a Rainha Louca começa a cumprir suas promessas, feitas durante a campanha, de perseguição às correntes progressistas, aos educadores, à imprensa e a quaisquer que ao seu Governo se opõem. Começa a se alinhar aos Governos de extrema direita do Mundo – EUA, Hungria e Itália – e a política de Relações Exteriores brasileira, sempre tida como pacificadora, transforma-se em uma política de isolamento dos países com uma linha politicamente mais à esquerda.

Repetindo a citação do brilhante Octávio Guedes, a Rainha Louca passa de animadora das redes sociais a animadora do cercadinho do Palácio da Alvorada. É de lá – sempre com a presença de sua claque ensandecida – que a Rainha Louca inflama a sua base e desfere seus arroubos autoritários contra a imprensa, contra as Instituições Democráticas constituídas, contra a Constituição e até contra seus próprios Ministros.


Muitas autoridades, jornalistas e comentaristas gostam de dizer que existem duas Rainhas Loucas. Como se a Rainha Louca sofresse de Transtorno de Dupla Personalidade. Esse é um discurso que considero inaceitável. Não vejo como se a Rainha Louca estivesse em um momento fazendo um discurso para sua claque e em outro fazendo um discurso para a imprensa. Entendo como tudo sendo parte de um conjunto para levar a cabo o seu projeto de implementar o seu projeto totalitário, sobre o qual já falamos aqui (veja aqui). A Rainha Louca, chega às vezes a se confundir. Certa vez o Presidente disse: “A Constituição sou eu”! A história nos mostra a semelhança com o que disse Luiz XIV: “O Estado sou eu”!

Repetindo o fascista italiano, a Rainha Louca tenta criar um novo partido, um partido para chamar de seu e defende armar os cidadãos para se revoltarem contra Prefeitos e Governadores e colocar o fim no isolamento social durante a pandemia.

As semelhanças com Mussolini não param por aí. O fascista italiano tinha as “gangues dos camisas negras”, a Rainha Louca conta com o chamado “grupo dos 300” – que conta com pouco mais de 30 integrantes – e  que tenta tocar o terror – às vezes até imitando a Ku Klux Khan – ameaçando Ministros do STF, membros do Legislativo, manifestantes pró Democracia e qualquer um que a esse Governo se oponha.

Embora a implementação de um Regime Totalitário possa levar alguns anos, como aconteceu na Itália em 1925, não há como negar que ela está em curso no Brasil e durante a pandemia ganhou uma maior velocidade (veja a análise aqui).

O controle sobre a Polícia Federal é evidente (veja aqui), embora eu acredite que a corporação irá resistir bravamente. A tentativa de interferência no Ministério Público Federal começou com a indicação de um PGR que não estava na lista tríplice organizada pelos procuradores federais. A Rainha Louca está, claramente e acintosamente, barganhando uma vaga no STF em troca de proteção do PGR.

A bandeira do combate à corrupção se esvaiu a partir do momento que o Centrão começou a desembarcar no Governo abocando cargos com orçamentos milionários em troca de proteção contra autorização de abertura de processos e/ou um eventual processo de impeachment.

Ou seja, de maneira similar a Mussolini, a Rainha Louca se uniu aos partidos de direita.

Durante as décadas de 1980 e 1990, os brasileiros estavam acostumados a assistir, nas manhãs e/ou tardes dos domingos às corridas da F1 e torcer por Piquet e Senna. Nossos domingos hoje são ocupados pelas manifestações antidemocráticas. Manifestações que contam, quase rotineiramente, com a presença da Rainha Louca e às vezes com alguns de seus Ministros. Elas defendem o fechamento do Congresso, do STF e a reedição do AI-5 – aliás, a maioria não sabe o que seja isso (veja análise). Esses manifestantes defendem um Golpe Militar com a Rainha Louca no poder, ou seja, mais uma vez mimetizando Mussolini – o fim do poder tripartite e a instituição do Estado Totalitário.


Similarmente a Mussolini, a Rainha Louca deseja ter uma PF que responda a ela e lhe preste informações. Afirmou na Reunião Ministerial da República da Rainha Louca (veja a análise) que possui um Sistema de Informações particular.

Na manifestação ocorrida no dia 31 de maio a Rainha Louca fez uso de um símbolo da opressão nos anos de chumbo da Ditadura Militar no Brasil – a Cavalaria Militar – e lembrou em muito uma foto de Mussolini.



Está passada a hora de combatermos com todas as nossas forças esse governo fascista!

Não nos basta sermos 70%! Precisamos ser 90%!

Pela união das forças progressistas!


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