A Rainha Louca e seus asseclas ameaçam a Democracia
Robson Matos
No sábado publiquei um artigo analisando a “Nota à Nação Brasileira”
produzida pelo Ministro Gagá (veja aqui) no dia 22 de maio. No artigo
demonstrei a minha preocupação, e acho que a de muitos, com as constantes
ameaças ao Estado Democrático de Direito.
Poder-se-ia dizer que a Nota do Ministro Gagá era apenas uma cortina
de fumaça para desviar o olhar sobre a divulgação do vídeo da Reunião
Ministerial de 22 de abril, fato que preocupava tremendamente a equipe do
Palácio do Planalto. Essa hipótese me foi aventada por um dos leitores do blog,
mas a refutei com a promessa de pensar a respeito. Enquanto refletia sobre essa
hipótese, eis que novos fatos surgem e confirmam que realmente está em curso um
desejo cada vez mais escancarado de transformar o regime democrático brasileiro
em um Estado de Exceção.
Ainda no dia 23 de maio, um grupo de 89 militares de alta patente,
atualmente na reserva – militares de pijama – divulgaram uma nota ainda mais ameaçadora.
A nota, que vou me dar o direito de reproduzir aqui apenas alguns trechos. A
nota segue uma linha totalmente contrária à constituição e parece muito mais um
material de campanha em defesa da Rainha Louca. Nela, lê-se frases descabidas e
em um tom inaceitável em um Estado Democrático de Direito: “Alto lá,
“ministros” do stf!”; “Juiz que
um dia delinquiu – e/ou delinque todos os dias com decisões arbitrárias e com
sentenças e decisões ao arrepio da lei – facilmente perdoa”; “Assim,
trazem ao país insegurança e instabilidade, com grave risco de crise
institucional com desfecho imprevisível, quiçá, na pior hipótese, guerra civil.
Mas os que se julgam deuses do Olimpo se acham incólumes e superiores a tudo e
todos, a saborear lagosta e a bebericar vinhos nobres; a vaidade e o poder lhes
cegam bom senso e grandeza”.
Embora uma nota publicada por um bando de
pessoas que trocaram a farda por pijamas não deva ser uma preocupação real, há
de se realçar que essa desastrosa e condenável nota serve como pólvora para um
grupo miliciano com imensa fidelidade à Rainha Louca e que pelo que temos visto são
capazes de tudo. Esse grupo miliciano, o qual chamei de seita do mal em
um artigo anterior (veja aqui), já atacou profissionais da saúde e da imprensa e
promoveu “buzinaços” em frente a hospitais em São Paulo.
Preocupação maior nos traz o aval do
Ministro da Defesa. Ele não acredita em um golpe por parte dos militares, mas
acredita que possa haver uma crise institucional, caso a Rainha Louca não
venha a entregar o celular, como de fato disse que não o faria. Esperar-se-ia um pronunciamento
diferente desse por parte do Ministro da Defesa. Um pronunciamento no sentido
de que as Forças Armadas têm por função defender e cumprir a Constituição Federal
e que segundo ela, ninguém está acima da lei.
A Rainha Louca, também, afronta a Constituição Cidadã ao dizer que não
entregará o celular, caso seja ordenado pela Justiça. Mas, isso não é qualquer novidade
para nós. Todos sabemos que o esporte favorito da Rainha Louca é transgredir
Leis e afrontar as Instituições Democráticas e a Sociedade que a ele se opõem.
A Rainha Louca parece ter se esquecido do juramento que fez, quando de sua
posse perante o Congresso Nacional, quando pronunciou: “Manter, defender e
cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo
brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”.
Aliás, a Rainha Louca, mais uma vez ontem, participou de uma
manifestação antidemocrática em Brasília e arrastou com ele o Ministro Gagá e o
Ministro interino do Corona. O Presidente pode ter cometido um ilícito ao usar
o helicóptero presidencial para sua locomoção até uma manifestação política em
sua defesa. O uso do helicóptero presidencial demonstra, de maneira clara e inequívoca, que o Palácio do Planalto está envolvido na organização e promoção desses inúmeros atos antidemocráticos que veem acontecendo. Mais além, está claro que o presidente utilizou o helicóptero para um ato de caráter estritamente particular, caracterizando-se como crime de responsabilidade.
Destaca-se também que, antes de participar da patética manifestação no dia de ontem, a Rainha Louca publicou em suas redes sociais uma velada ameaça, pelo meu entender, dirigida ao Ministro do STF Celso de Melo. Em sua postagem, o Presidente avoca a Lei de Abuso de Autoridade. Inúmeros juristas condenaram a postagem e foram unânimes em afirmar que a Lei não se aplica.
Destaca-se também que, antes de participar da patética manifestação no dia de ontem, a Rainha Louca publicou em suas redes sociais uma velada ameaça, pelo meu entender, dirigida ao Ministro do STF Celso de Melo. Em sua postagem, o Presidente avoca a Lei de Abuso de Autoridade. Inúmeros juristas condenaram a postagem e foram unânimes em afirmar que a Lei não se aplica.
Essas manifestações, que se tornaram uma constante aos domingos, estão
cada dia mais esvaziadas e demonstram o fraco poder de mobilização empreendido
pelo Gabinete do Ódio. Elas contam, na maioria das vezes, com não mais que 200 fanáticos.
Todavia, o que nos preocupa é o desejo incontrolável de a Rainha Louca em
transformar esses fanáticos em milícia armada.
Na tragicômica Reunião Ministerial da República da Rainha Louca, o
Presidente fala em armar a população para lutar contra o
isolamento social imposto por Governadores e Prefeitos. O Presidente expressa,
com todas as letras e sem qualquer pudor, o seu real interesse na defesa do
porte de armas, que seja, a promoção de uma sangrenta guerra civil no Brasil,
caso seus interesses sejam contrariados (clique aqui para assistir ao trecho). A Rainha Louca, com certeza buscando inflamar a sua milícia, afirma que pretende armar a população para evitar uma Ditadura. Ele consegue colocar em uma mesma frase conceitos completamente contraditórios, a defesa do Cristianismo, da liberdade de expressão e do armamento. Quem o conhece que o compre, diriam meus conterrâneos.
Outro a defender "matar ou morrer" foi o Presidente da Caixa Econômica Federal (assista aqui), ao invés de se preocupar com uma maneira mais eficaz de fazer com que o auxílio emergencial realmente chegue a quem de direito.
Outro a defender "matar ou morrer" foi o Presidente da Caixa Econômica Federal (assista aqui), ao invés de se preocupar com uma maneira mais eficaz de fazer com que o auxílio emergencial realmente chegue a quem de direito.
Em um exercício de futurologia, imaginemos que a Rainha Louca perca as
próximas eleições. Você acredita em um processo pacífico de transferência do
poder como vimos desde a redemocratização do Brasil?
Acho que de todos os processos eleitorais desde a redemocratização, o
que gerou mais rancor tenha sido o da reeleição da Presidente Dilma em 2014. Ao
final do processo eleitoral, o então candidato e hoje Deputado Federal Aécio
Neves não aceitou muito bem a derrota, não parabenizou a Presidente Dilma pela
vitória e disse que ela havia ganho, mas não iria governar. Bom, o resto da história
todos conhecemos e acho desnecessário relembrá-la.
Não consigo imaginar, caso não seja colocado um freio nessa política
armamentista, uma transição pacífica em sendo a Rainha Louca derrotada nas
urnas. O interesse do Presidente é fortalecer a sua milícia carioca e
expandi-la Brasil afora. Parte dessa milícia, inclusive está constantemente presente
à frente do Palácio do Planalto e no cercadinho do Palácio da Alvorada.
A Rainha Louca acredita muito no apoio de seus seguidores e quer transforma-los
em uma milícia armada contra Governadores, Prefeitos, o Congresso Nacional, o
STF e contra qualquer um que a ele se oponha.
O Presidente, durante a Reunião Ministerial da República da Rainha
Louca, demonstrou de maneira inequívoca que tem o desejo de implementar um
estado de exceção no Brasil. Em um regime ditatorial você precisa calar a
imprensa, eliminar partidos políticos e fechar as Instituições Democráticas. O
Presidente destilou seu ódio contra a imprensa, contra partidos políticos e
contra o Congresso em vários pontos da reunião ministerial (veja um trecho aqui).
A Rainha Louca exalta o Golpe Militar de 1964, de forma velada diz que as Forças Armadas cumpra o seu papel em uma possível batalha e diz ter um sistema pessoal de informações, o que poderia ser um desejo de transformar a Abin em um SNI dos períodos da Ditadura (assista aqui).
A Rainha Louca exalta o Golpe Militar de 1964, de forma velada diz que as Forças Armadas cumpra o seu papel em uma possível batalha e diz ter um sistema pessoal de informações, o que poderia ser um desejo de transformar a Abin em um SNI dos períodos da Ditadura (assista aqui).
Em seu linguajar característico e em desacordo com a liturgia do cargo
que ocupa, a Rainha Louca atacou os Governadores de São Paulo e Rio de Janeiro
e o Prefeito de Manaus (assista aqui). Tal atitude, além de desrespeitosa
demonstra, de maneira categórica, o total desprezo do Presidente com a harmonia
entre os entes federativos e consequentemente com a Democracia.
O comportamento da Rainha Louca, de seus clãs, de seus asseclas e
seguidores, confesso, causam-me extremo temor. A apatia das Instituições
Democráticas, dos políticos e da sociedade civil organizada é assustadora. Está
mais do que claro que a simples divulgação de “Notas de Repúdio” não será
suficiente. Faz-se necessário respostas mais contundentes a esse acinte que
temos assistido.
Aproveito para fazer meu apelo aos jornais Folha de São Paulo e O
Globo no sentido de tentar nos ajudar. Se a Rainha Louca cumprir a sua promessa
(assista a promessa aqui), pode ser uma opção para a exoneração dos piores e
mais nojentos Ministros da República da Rainha Louca. O número 1 da minha lista
seria o Bobo da Corte.
A Rainha Louca disse também não estar agarrada ao cargo (assista aqui), podia, portanto perceber o mal que tem feito ao Brasil e renunciar.
A luta não pode parar.
Assista aqui a Reunião Ministerial da República da Rainha Louca (clique aqui).
Adorei sua reflexão. Muito coerente com o momento.Muita tristeza pelo nosso país.
ResponderExcluirMuito obrigado
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