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segunda-feira, 25 de maio de 2020

A Rainha Louca e seus asseclas ameaçam a Democracia


A Rainha Louca e seus asseclas ameaçam a Democracia
Robson Matos


No sábado publiquei um artigo analisando a “Nota à Nação Brasileira” produzida pelo Ministro Gagá (veja aqui) no dia 22 de maio. No artigo demonstrei a minha preocupação, e acho que a de muitos, com as constantes ameaças ao Estado Democrático de Direito.

Poder-se-ia dizer que a Nota do Ministro Gagá era apenas uma cortina de fumaça para desviar o olhar sobre a divulgação do vídeo da Reunião Ministerial de 22 de abril, fato que preocupava tremendamente a equipe do Palácio do Planalto. Essa hipótese me foi aventada por um dos leitores do blog, mas a refutei com a promessa de pensar a respeito. Enquanto refletia sobre essa hipótese, eis que novos fatos surgem e confirmam que realmente está em curso um desejo cada vez mais escancarado de transformar o regime democrático brasileiro em um Estado de Exceção.

Ainda no dia 23 de maio, um grupo de 89 militares de alta patente, atualmente na reserva – militares de pijama – divulgaram uma nota ainda mais ameaçadora. A nota, que vou me dar o direito de reproduzir aqui apenas alguns trechos. A nota segue uma linha totalmente contrária à constituição e parece muito mais um material de campanha em defesa da Rainha Louca. Nela, lê-se frases descabidas e em um tom inaceitável em um Estado Democrático de Direito: “Alto lá, “ministros” do stf!”; “Juiz que um dia delinquiu – e/ou delinque todos os dias com decisões arbitrárias e com sentenças e decisões ao arrepio da lei – facilmente perdoa”; “Assim, trazem ao país insegurança e instabilidade, com grave risco de crise institucional com desfecho imprevisível, quiçá, na pior hipótese, guerra civil. Mas os que se julgam deuses do Olimpo se acham incólumes e superiores a tudo e todos, a saborear lagosta e a bebericar vinhos nobres; a vaidade e o poder lhes cegam bom senso e grandeza”.

Embora uma nota publicada por um bando de pessoas que trocaram a farda por pijamas não deva ser uma preocupação real, há de se realçar que essa desastrosa e condenável nota serve como pólvora para um grupo miliciano com imensa fidelidade à Rainha Louca e que pelo que temos visto são capazes de tudo. Esse grupo miliciano, o qual chamei de seita do mal em um artigo anterior (veja aqui), já atacou profissionais da saúde e da imprensa e promoveu “buzinaços” em frente a hospitais em São Paulo.

Preocupação maior nos traz o aval do Ministro da Defesa. Ele não acredita em um golpe por parte dos militares, mas acredita que possa haver uma crise institucional, caso a Rainha Louca não venha a entregar o celular, como de fato disse que não o faria. Esperar-se-ia um pronunciamento diferente desse por parte do Ministro da Defesa. Um pronunciamento no sentido de que as Forças Armadas têm por função defender e cumprir a Constituição Federal e que segundo ela, ninguém está acima da lei.

A Rainha Louca, também, afronta a Constituição Cidadã ao dizer que não entregará o celular, caso seja ordenado pela Justiça. Mas, isso não é qualquer novidade para nós. Todos sabemos que o esporte favorito da Rainha Louca é transgredir Leis e afrontar as Instituições Democráticas e a Sociedade que a ele se opõem. A Rainha Louca parece ter se esquecido do juramento que fez, quando de sua posse perante o Congresso Nacional, quando pronunciou: “Manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”.

Aliás, a Rainha Louca, mais uma vez ontem, participou de uma manifestação antidemocrática em Brasília e arrastou com ele o Ministro Gagá e o Ministro interino do Corona. O Presidente pode ter cometido um ilícito ao usar o helicóptero presidencial para sua locomoção até uma manifestação política em sua defesa. O uso do helicóptero presidencial demonstra, de maneira clara e inequívoca, que o Palácio do Planalto está envolvido na organização e promoção desses inúmeros atos antidemocráticos que veem acontecendo. Mais além, está claro que o presidente utilizou o helicóptero para um ato de caráter estritamente particular, caracterizando-se como crime de responsabilidade.

Destaca-se também que, antes de participar da patética manifestação no dia de ontem, a Rainha Louca publicou em suas redes sociais uma velada ameaça, pelo meu entender, dirigida ao Ministro do STF Celso de Melo. Em sua postagem, o Presidente avoca a Lei de Abuso de Autoridade. Inúmeros juristas condenaram a postagem e foram unânimes em afirmar que a Lei não se aplica.

Essas manifestações, que se tornaram uma constante aos domingos, estão cada dia mais esvaziadas e demonstram o fraco poder de mobilização empreendido pelo Gabinete do Ódio. Elas contam, na maioria das vezes, com não mais que 200 fanáticos. Todavia, o que nos preocupa é o desejo incontrolável de a Rainha Louca em transformar esses fanáticos em milícia armada.

Na tragicômica Reunião Ministerial da República da Rainha Louca, o Presidente fala em armar a população para lutar contra o isolamento social imposto por Governadores e Prefeitos. O Presidente expressa, com todas as letras e sem qualquer pudor, o seu real interesse na defesa do porte de armas, que seja, a promoção de uma sangrenta guerra civil no Brasil, caso seus interesses sejam contrariados (clique aqui para assistir ao trecho). A Rainha Louca, com certeza buscando inflamar a sua milícia, afirma que pretende armar a população para evitar uma Ditadura. Ele consegue colocar em uma mesma frase conceitos completamente contraditórios, a defesa do Cristianismo, da liberdade de expressão e do armamento. Quem o conhece que o compre, diriam meus conterrâneos. 

Outro a defender "matar ou morrer" foi o Presidente da Caixa Econômica Federal (assista aqui), ao invés de se preocupar com uma maneira mais eficaz de fazer com que o auxílio emergencial realmente chegue a quem de direito.

Em um exercício de futurologia, imaginemos que a Rainha Louca perca as próximas eleições. Você acredita em um processo pacífico de transferência do poder como vimos desde a redemocratização do Brasil?

Acho que de todos os processos eleitorais desde a redemocratização, o que gerou mais rancor tenha sido o da reeleição da Presidente Dilma em 2014. Ao final do processo eleitoral, o então candidato e hoje Deputado Federal Aécio Neves não aceitou muito bem a derrota, não parabenizou a Presidente Dilma pela vitória e disse que ela havia ganho, mas não iria governar. Bom, o resto da história todos conhecemos e acho desnecessário relembrá-la.

Não consigo imaginar, caso não seja colocado um freio nessa política armamentista, uma transição pacífica em sendo a Rainha Louca derrotada nas urnas. O interesse do Presidente é fortalecer a sua milícia carioca e expandi-la Brasil afora. Parte dessa milícia, inclusive está constantemente presente à frente do Palácio do Planalto e no cercadinho do Palácio da Alvorada.

A Rainha Louca acredita muito no apoio de seus seguidores e quer transforma-los em uma milícia armada contra Governadores, Prefeitos, o Congresso Nacional, o STF e contra qualquer um que a ele se oponha.

O Presidente, durante a Reunião Ministerial da República da Rainha Louca, demonstrou de maneira inequívoca que tem o desejo de implementar um estado de exceção no Brasil. Em um regime ditatorial você precisa calar a imprensa, eliminar partidos políticos e fechar as Instituições Democráticas. O Presidente destilou seu ódio contra a imprensa, contra partidos políticos e contra o Congresso em vários pontos da reunião ministerial (veja um trecho aqui).

A Rainha Louca exalta o Golpe Militar de 1964, de forma velada diz que as Forças Armadas cumpra o seu papel em uma possível batalha e diz ter um sistema pessoal de informações, o que poderia ser um desejo de transformar a Abin em um SNI dos períodos da Ditadura (assista aqui).

Em seu linguajar característico e em desacordo com a liturgia do cargo que ocupa, a Rainha Louca atacou os Governadores de São Paulo e Rio de Janeiro e o Prefeito de Manaus (assista aqui). Tal atitude, além de desrespeitosa demonstra, de maneira categórica, o total desprezo do Presidente com a harmonia entre os entes federativos e consequentemente com a Democracia.

O comportamento da Rainha Louca, de seus clãs, de seus asseclas e seguidores, confesso, causam-me extremo temor. A apatia das Instituições Democráticas, dos políticos e da sociedade civil organizada é assustadora. Está mais do que claro que a simples divulgação de “Notas de Repúdio” não será suficiente. Faz-se necessário respostas mais contundentes a esse acinte que temos assistido.

Aproveito para fazer meu apelo aos jornais Folha de São Paulo e O Globo no sentido de tentar nos ajudar. Se a Rainha Louca cumprir a sua promessa (assista a promessa aqui), pode ser uma opção para a exoneração dos piores e mais nojentos Ministros da República da Rainha Louca. O número 1 da minha lista seria o Bobo da Corte.

A Rainha Louca disse também não estar agarrada ao cargo (assista aqui), podia, portanto perceber o mal que tem feito ao Brasil e renunciar.

A luta não pode parar.

Assista aqui a Reunião Ministerial da República da Rainha Louca (clique aqui).


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