A Rainha Louca sufoca o isolamento social
Robson Matos
Parafraseando um dos mais importantes
jornais do mundo, o Le Monde, “há algo de podre na República da Rainha Louca”.
No dia 22 de maio a OMS declarou a
América Latina como sendo o novo epicentro mundial da Covid-19 e afirmou que o
Brasil e o país mais afetado pela doença. O Brasil já é o segundo pais em
número de casos confirmados, já são mais de 440 mil pessoas infectadas e o
número de mortes passa de 26 mil. O país, após 3 meses de pandemia, está registrando
em torno de 1.000 mortes diárias. Além disso, o Brasil está agindo às cegas em
relação ao combate à pandemia. O número de testes ainda é muito baixo – 4.105 testes
por 1 milhão de pessoas. O Brasil só testa mais que outros seis países na
América Latina.
A opinião de cientistas brasileiros é a
de que ainda não atingimos o pico da curva epidêmica e que o isolamento social
ainda é a única solução plausível e exequível para que o sistema de saúde não
entre em colapso.
Não obstante, prefeitos e governadores
estão agindo às cegas e trabalhando a reabertura da economia. Muitos desses
prefeitos vinham atuando de forma responsável e sempre se baseando na opinião de
comitês científicos criados para o combate a pandemia. De repente, não mais que
de repente, tudo parece ter mudado. Vários governadores e prefeitos começaram a
apresentar seus planos de relaxamento do isolamento social.
O Governador do Amazonas anunciou que
deve reabrir o comércio a partir de 1 de junho e afirma que isso dependerá do
número de casos. Todos sabemos que o sistema hospitalar do Amazonas está em
colapso e que Manaus é a única cidade do estado que conta com estrutura
hospitalar adequada para o tratamento da Covid-19.
O Prefeito do Rio de Janeiro namora há
semanas com a reabertura do comércio na cidade e decidiu listar os cultos
religiosos como atividade essencial. A reabertura de templos religiosos deve
ser por pressão desses líderes religiosos que vivem de extorquir dinheiro de
seus pobres fiéis e durante esse período de isolamento social essa possibilidade se esvaiu. O plano de flexibilização do Crivella vem em meio à Operação
Placebo realizada pela PF no Estado do Rio (clique aqui para ver uma análise da
operação). O número de casos no Rio de Janeiro não para de crescer e já existem
inúmeros pacientes indo a óbito por falta de atendimento adequado. O Crivella decidiu mudar o método de dados que alimentam as estatísticas na cidade. Desde o dia 26 de maio, só entram na estatísticas de óbitos aquelas pessoas cujo atestado conste a palavra Covid-19. Caso o resultado do teste para confirmar a doença não esteja disponível antes da emissão do atestado de óbito, essa morte não sera computada como sendo por Covid-19. Uma decisão estranha e controversa que pode demonstrar uma clara intenção de maquiar os dados para justificar a retomada das atividades na cidade. O Prefeito
de Duque de Caxias decidiu pela abertura no comércio no dia 25 de maio e, felizmente, teve
uma decisão contrária emitida pela Justiça do Estado.
O Governador de São Paulo anunciou que a
flexibilização do isolamento no estado será heterogênea e apontou para um “isolamento
inteligente”. Esse termo foi anunciado pelo ex-Ministro Coveiro em uma
entrevista à Globo News no último domingo e parece ter soado bem nos ouvidos do
Governador Dória. A proposta de flexibilizarão do isolamento que foi apresentada, de inteligente parece não ter nada. Enquanto a capital do estado encontra-se na chamada zona amarela, os outros Municípios que compõem a Região Metropolitana estão na chamada zona laranja. É sabido que muitos que trabalham na cidade de São Paulo moram nas cidades vizinhas. O aumento do trânsito entre as zonas amarela e laranja, com certeza, aumentará o índice de contágio. Há de se observar, também, que o número de casos no interior do estado de São Paulo cresce de maneira assustadora.
O prefeito de Belo Horizonte, que vinha
servindo de exemplo no combate à pandemia, decidiu pela abertura gradual do
comércio na cidade. Observou-se que a taxa de isolamento caiu de 53% para 39%
no primeiro dia da abertura do comércio. É uma queda grande e preocupante.
Embora a cidade apresente baixo grau de ocupação de leitos de UTI, não temos
dados do índice de infecção em BH em função do baixo grau de testagem e o número de casos por lá não para de crescer.
No caminho do relaxamento do isolamento
social podemos contar inúmeros prefeitos Brasil afora. No momento que
observamos a clara interiorização da pandemia no Brasil, assistimos o
isolamento social sendo relaxado em várias cidades de pequeno porte, com poucas
condições adequadas de tratamento da Covid-19. A Fiocruz apresentou uma Nota Técnica em 02 de maio mostrando o processo de interiorização (clique aqui).
Em comum observarmos em algumas cidades
de pequeno e médio porte a população agindo como se estivessem vivendo em um
período que não houvesse uma pandemia. Ruas cheias, comércios não essenciais
abertos e muitas pessoas agindo como se em férias estivessem. Muitas pessoas
acham que o uso de máscaras e álcool em gel o transformam em verdadeiros super-heróis.
Mas, o que leva prefeitos e governadores
no sentido do relaxamento do isolamento social?
Acho que vários motivos podem ser
elencados para justificar essa tendência em relaxar o isolamento social. O
primeiro desses motivos é, sem qualquer sombra de dúvidas, a falta de um
comando unificado entre os entes da federação. Caberia ao Ministério da Saúde
organizar as ações para o enfrentamento da pandemia. No entanto, assistimos um
Ministro da Saúde sendo exonerado (veja aqui) e outro pedindo exoneração, mesmo antes de mostrar a que veio (veja aqui), durante a crise sanitária. Atualmente existe um militar, sem formação na
área de saúde, no comando do Ministério e assessorado por mais de uma dezena de
militares, dentre os quais apenas um com formação na área de saúde (veja aqui).
Diferentemente de países como Portugal, Uruguai, Argentina, etc, o Brasil foi
incapaz de uma unificação política em torno do combate à pandemia. Até mesmo em
Israel, que passa por uma crise política gravíssima com o Primeiro Ministro
respondendo a processo na Justiça, houve uma unificação em torno do combate à
pandemia.
Outro motivo a ser elencado é o que diz
respeito aos movimentos erráticos da Rainha Louca, seja através de suas frases
infelizes, desumanas, desqualificadas e com total falta de empatia (veja aqui) ou
pelos constantes “passeios” provocando aglomerações. Essa atitude foi condenada pelos maiores jornais, revistas e até periódicos científicos do mundo (veja aqui). É evidente que a maior
autoridade de um país serve como exemplo para a população. O exemplo que a
Rainha Louca tem passado é o seguinte: “se o Presidente pode, eu também posso”.
Essa é uma atitude extremamente infeliz por parte da maior autoridade
brasileira.
Não podemos também esquecer a insana
defesa do uso da cloroquina (veja aqui). Para a Rainha Louca a cloroquina teria
um efeito similar daquele que a kriptonita tem para o super-homem. Os diversos
discursos em defesa do uso da cloroquina podem ter dado a falsa impressão para
a população de que a cura era possível, logo não haveria a necessidade de tanto
temor.
Por último, mas talvez o mais importante
dos motivos, está a questão econômica. Betinho sempre disse: “a fome
tem pressa”! A Rainha Louca não teve pressa em fazer com que o auxílio emergencial
chegasse a quem dele depende. O governo se agarrou a burocracias e em momento
algum teve a humildade de buscar a expertise de ONGs e de especialistas com
conhecimento no processo de distribuição de renda. O tão anunciado programa de crédito
a pequena e médias empresas não chegou à ponta. As exigências apresentadas aos
tomadores de créditos são imensas e assistimos a um aumento do número
inacreditável de demissões.
No início de abril o Clube de Diretores Lojistas de Belo Horizonte - CDL/BH fez uma campanha para salvar o comércio, mas em nenhum momento clamou pela abertura das lojas. A entidade foi responsável e entendeu a gravidade da pandemia. O CDL/BH defendia uma política econômica para salvar empregos. Eles, infelizmente não foram atendidos.
No início de abril o Clube de Diretores Lojistas de Belo Horizonte - CDL/BH fez uma campanha para salvar o comércio, mas em nenhum momento clamou pela abertura das lojas. A entidade foi responsável e entendeu a gravidade da pandemia. O CDL/BH defendia uma política econômica para salvar empregos. Eles, infelizmente não foram atendidos.
O Tchutchuca ou, caso prefira, Ministro do Liberalismo anuncia, na tragicômica Reunião Ministerial da
República da Rainha Louca, que o Brasil só está atrás dos EUA no socorro à
economia. Com certeza o Tchutchuca vive em um mundo paralelo àquele no qual vivemos. A grande maioria dos países têm injetado muito mais dinheiro na economia em relação ao PIB que o Governo Brasileiro. Não podemos perder de vista, também, que a maioria dos anúncios feitos ainda não saíram do papel. Ele disse, também, que irão ganhar dinheiro salvando as grandes empresas e que perderão com as pequenas empresas. Mas, não disse quem são esses que irão ganhar. Prefiro, mesmo que esteja sendo inocente, acreditar que ele tenha se referido ao Governo como sujeito da frase. Fica subtendido que o Tchutchuca despreza as pequenas empresas, esquecendo-se que essas são um forte motor na economia brasileira. São as micro e pequenas empresas as que mais empregam no país.
A Rainha Louca, durante a mesma reunião, critica o Congresso ("aquele povo do lado de lá") em relação às iniciativas de
Deputados e Senadores para mitigar a crise econômica que estar por
vir.
Dentro da área econômica, está muito
claro que a Rainha Louca reluta em socorrer Estados e Municípios. A Câmara e o
Senado aprovaram no último dia 6 de maio o socorro a Estados e Municípios e a sanção do Presidente da República só foi publicada no dia 27 de maio. Lembre-se que, por exigência do Tchutchuca, Estados e Municípios
estarão proibidos de conceder reajustes aos seus servidores. Prudentemente, a
Rainha Louca concedeu, antes de sancionar a Lei, um reajuste aos Policiais Federais e fez o repasse,
conforme a Legislação exige, o repasse para que o Governo do Distrito Federal
pudesse conceder reajuste aos policiais e bombeiros do DF.
Em suma, o investimento por parte do Governo Federal não passou de propaganda!
Em suma, o investimento por parte do Governo Federal não passou de propaganda!
Fica, pois, muito claro que a Rainha
Louca tem sido responsável pelo movimento de relaxamento do isolamento que
estamos assistindo.
Está muito claro que a Rainha Louca está
ao lado do novo coronavírus e, muito provavelmente, pretende levar à morte
muito mais que os 30 mil que ele achava que deveriam ter morrido durante a Ditadura
Militar.
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