A PF já virou a Polícia Política da Rainha Louca?
Robson Matos
Inicialmente, vamos deixar muito claro que essa é uma investigação que
tem o meu total apoio. É inadmissível esse envolvimento obscuro entre o público e
o privado beneficiando políticos. Mas, não podemos perder de vista os indícios
de uma possível utilização da PF na caça de adversários políticos da Rainha
Louca.
No início da manhã de hoje a PF deu início à Operação Placebo que
investiga um esquema de desvio de dinheiro público na área de saúde no Estado
do Rio de Janeiro.
Nos meus tempos de infância havia uma brincadeira que chamávamos de “mocinho
vs. ladrão”, no dia de hoje estamos
assistindo à brincadeira “bandido vs.
bandido”. A PF cumpre 12 mandados de busca e apreensões, inclusive no Palácio
Laranjeiras, residência oficial do Governador Witzel. Todos os mandados foram
autorizados pelo STJ e teve participação de 15 equipes da PF. As equipes saíram
de Brasília e chegaram ao Rio de Janeiro pouco antes das 5:30h de hoje.
A existência de um grande esquema de desvio de dinheiro na Secretaria
de Saúde do Estado do Rio foi, inicialmente, investigada pela Policia Civil,
pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal e apontavam
para um grande esquema de desvio de verbas públicas na construção de hospitais
de campanha no estado. O esquema de corrupção envolve um antigo conhecido dos
Governadores anteriores – Mário Peixoto. Ele é o dirigente da Organização
Social Iabas e está sendo acusado de superfaturamento e desvio de dinheiro na
construção dos hospitais de campanha. Dos 7 hospitais, apenas um foi entregue
parcialmente.
O esquema de desvios no Rio de Janeiro já tinha levado à exoneração do
Secretário e do Subsecretário de Saúde do estado e levado à prisão vários
envolvidos no esquema. Interceptações telefônicas levam a crer que o Governador
Witzel estaria envolvido no esquema de corrupção na saúde no estado. Tudo leva a crer que o esquema de desvio de verbas públicas sendo investigado funciona da mesma forma daquele ocorrido no Governo de Sérgio Cabral.
Todo esse esquema de desvio de verbas públicas da saúde é, no mínimo,
lastimável. Demonstra o que estamos vendo há anos no Brasil, ou seja, um total
desprezo pela população brasileira. Desviar verbas públicas é um crime
horrível. Um desvio durante um período de uma crise sanitária é um crime
abominável. Todos os responsáveis devem ser punidos de maneira exemplar,
independentemente do cargo que ocupam.
Todavia, não podemos deixar de olhar para o outro lado de toda essa
crise policial, em meio a uma crise sanitária. Precisamos nos atentar para uma
outra investigação em curso, que seja, aquela sobre a interferência política na
Polícia Federal.
Em um artigo anterior, alertamos sobre a possibilidade da PF,
principalmente a Superintendência do Rio de Janeiro, de estar sendo aparelhada
para a proteção dos filhos e dos amigos da Rainha Louca (veja aqui). O
Presidente da República e os demais inquilinos do Palácio do Planalto estavam
incomodados com a atuação da PF no Rio. Desde o surgimento do caso do porteiro,
durante as investigações do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, a
Rainha Louca pressionava o ex-Ministro da Justiça, Sérgio Moro, por uma investigação
sobre os supostos desvios do Governador Witzel.
É importante salientar que a investigação do caso Marielle Franco é
conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual. Na cabeça da
Rainha Louca existe uma perseguição, por parte do Governador do Rio, a seus
familiares e amigos.
O conjunto de provas em poder do PGR aponta que a tentativa de
interferência na PF era real. Tudo indica que a relutância do ex-Ministro
Sérgio Moro em não deflagrar uma investigação contra Witzel levou à sua exoneração.
A operação deflagrada hoje pela PF pode ser mais um indício de interferência.
A Rainha Louca, desde o ano passado, tem investido contra os
Governadores do Rio e de São Paulo por entenderem que eles são fortes candidatos
nas eleições de 2022. Contra Witzel existe, também, a acusação, por parte da
Rainha Louca, de estar usando a investigação do caso Marielle para atingir as
milícias cariocas e fica cada dia mais evidente a ligação intrínseca dessa
milícia com a família da Rainha Louca.
A pesar contra o Witzel existe também rumores de que ele estava
articulando um pedido de impeachment do Presidente que seria assinado por todos
os Governadores de Estados e que a Rainha Louca havia tomado conhecimento dessa articulação. Esse, caso ocorra, seria um pedido inédito e de grande impacto.
Há semanas, corre nas redes sociais publicações de Deputados ligados à
Rainha Louca dizendo que “o juiz vai virar réu”. Poder-se-ia imaginar que essas
publicações seriam uma alusão ao Governador Witzel. Mas, essas indicações podem
também indicar um possível vazamento de que haveria uma investigação contra o
Governador.
Há, também, rumores de que Witzel estava temerário em relação a uma
iminente operação contra ele e que o levaria à prisão. Segundo o colunista
Lauro Jardim, Witzel chegou a buscar informações junto a Ministros do STJ em
Brasília, fato esse, também execrável.
Os ataques ao Governador do Rio de Janeiro sempre estiveram na pauta
do Presidente e de seus asseclas. Na Reunião Ministerial da República da Rainha
Louca, o Presidente da Caixa acusa o Governador Witzel de estar roubando, ao
comentar a prisão da esposa e da filha do Deputado Federal Luiz Lima.
A prova mais contundente de vazamento da Operação Placebo e de
interferência na PF é a entrevista concedida à Rádio Gaúcha dada pela Deputada
Federal Carla Zambelli, no dia de ontem.
A Deputada deixa muito
claro, no trecho da entrevista, que com a saída do ex-Ministro Sérgio Moro e a
troca do Diretor Geral da PF foi possível deflagrar várias investigações contra
Governadores e de que haveria uma operação que levaria o possível nome de “Covidão”.
A Deputada Carla Zambelli tem se tornado uma eminência parda em
assuntos relacionados ao Ministério da Justiça e à PF. Por outro lado ela tem
se tornado a pessoa que mais produz provas contra a Rainha Louca. Por exemplo,
a deputada tentou evitar a saída do ex-Ministro Sérgio Moro negociando a nomeação
do delegado Ramagem como Delegado Geral da PF por uma cadeira no STF.
Ontem, a deputada acusou a Operação Lava Jato de ter uma predileção
por investigar o PT e protegia o PSDB. Fica muito claro que a Deputada Zambelli
tinha por objetivo atingir o ex-Ministro Sérgio Moro. Todavia, por inocência ou
incompetência, ela não percebeu que estava atingindo o próprio Governo, do qual
ela deixa transparecer, na entrevista concedida ontem à Rádio Gaúcha, fazer
parte. O comentário da Deputada mostra que Sérgio Moro ajudou na eleição da Rainha Louca ao vazar, para imprensa, informações contra o PT, alvo principal do então candidato durante a campanha.
Me causa estranheza, também, o fato de a equipe responsável pela
Operação Placebo ter partido de Brasília e não ter sido usada uma equipe local.
Olho com muita suspeição o fato de a Rainha Louca ter comemorado, nas
redes sociais e em entrevista hoje no seu cercadinho no Palácio da Alvorada, a
Operação Placebo. Além disso, a Rainha Louca parabenizou a PF pela operação
contra o seu adversário. Uma atitude muito pouco republicana por parte do
Presidente. Esperar-se-ia no mínimo uma demonstração de isenção para despistar
o que parece ser uma flagrante transformação da Polícia Federal em Polícia
Política.
Outro acontecimento que devemos observar com muita atenção é o
julgamento da federalização do caso Marielle que acontecerá no STJ. Existem
fortes indícios de uma interferência da Rainha Louca no STJ. Lembremos que o
Presidente do STJ derrubou, dias atrás, a liminar concedida em segunda
instância para que a Rainha Louca apresentasse seus exames para o novo cornonavírus.
Salientamos também que os mandados concedidos hoje partiram do STJ, a pedidos do PGR, e foram assinados pelo seu Presidente. É óbvio que
por haver o envolvimento de um Governador de Estado, esses mandados deveriam
partir do STJ. Entretanto, causa-nos perplexidade a imediata apreensão do
aparelho celular do Governador Witzel. Pergunto-me sobre a presteza do PGR na aceitação do pedido de apreensão do celular do Governador e o total silêncio em relação a pedido similar de apreensão do celular da Rainha Louca.
Não devemos perder de vista que o Presidente do STJ parece ter muito interesse em ser nomeado ao STF na eminente aposentadoria do Ministro Celso de Mello.
Em suma, é importante nos mantermos vigilantes. Combater todo e
qualquer ato ilícito é fundamental para a população brasileira. Todavia, o
aparelhamento da PF para atender a projetos pessoais é inadmissível. Hoje foi contra
o Governador do Rio de Janeiro, amanhã pode ser contra qualquer outro político
ou cidadão que se oponha à Rainha Louca.
Fato é: como dito anteriormente, essa nova brincadeira chama-se
bandido vs. bandido. Lembrando que:
· o Witzel foi eleito
com a bandeira de “combate à corrupção”;
· a Rainha Louca foi
eleita com a bandeira de “não aparelhamento das instituições”
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