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quarta-feira, 15 de julho de 2020

A batata do Salles já queimou!


A batata do Salles já queimou!

Robson Matos


“Por que Salles ainda não caiu”? Essa é a pergunta que todos andam se fazendo. Aparentemente, a resposta é simples: porque ele conduz a política que a Rainha Louca apregoou desde a campanha eleitoral. O Presidente nunca escondeu ser contra: multas ambientais, destruição dos maquinários de devastadores da floresta, demarcação e proteção de terras indígenas e qualquer tipo de proteção ambiental. Logo, a manutenção do Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente é fundamental para a política que ele deseja implementar.

Embora seja uma tarefa quase impossível, precisamos tentar entender a mentalidade da Rainha Louca. Muitos gostam de frisar que o Presidente é um militar da reserva do Exército. Todavia, ao observarmos o comportamento e o pensamento dele, fica muito claro que ele não aprendeu nada das principais características do Exército Brasileiro. Inicialmente, não podemos nos esquecer que o nosso Exército tem características iluministas, ou seja, a corporação sempre se apoiou na ciência. Importante, também, ressaltarmos que os militares sempre tiveram um instinto nacionalista e protecionista e durante a ditadura eles foram mais estatizantes que privatistas. Não há como negar que a República da Rainha Louca despreza a ciência e está interessada em privatizar tudo o que encontrar pela frente.

Uma outra característica que, aparentemente, falta à Rainha Louca é a capacidade intelectual e isso é facilmente detectado várias vezes nas quais ele tenta expor o seu raciocínio sobre qualquer assunto. Eu, como professor, acredito no potencial de toda e qualquer pessoa em desenvolver o intelecto e isso depende basicamente de dois fatores: oportunidade e força de vontade. O Presidente teve a oportunidade e parece-me que lhe faltou a força de vontade de ele desenvolver o próprio intelecto.

Em uma entrevista ontem à noite à Globo News, o Vice-presidente parece ter concordado com o meu ponto de vista, ou seja, a Rainha Louca não é militar e não tem capacidade intelectual.


Levando em conta que a Rainha Louca possa ter uma baixa capacidade intelectual, é muito pouco provável que o Ministro do Desmatamento seja exonerado, mesmo após uma pressão da comunidade internacional. Com o desmazelo com o qual o atual governo tem tratado a questão ambiental, vários Parlamentos de países europeus estão prestes a não referendar o acordo Mercosul – União Europeia, como foi o caso do Parlamento Europeu. O poderoso consórcio de varejistas britânicos – British Retail Consortium (BRC) – anunciou que poderá tomar medidas de retaliação contra produtos brasileiros, caso o PL da grilagem não seja retirado de análise. O BRC reúne 96,8% dos varejistas britânicos e estão cobrando a retirada do PL para poder continuar adquirindo commodities produzidas com responsabilidade para o mercado britânico e internacional. A República da Rainha Louca já sofreu derrotas também no Comitê de Assuntos Tributários da Câmara dos Deputados dos EUA que se opôs ao plano do governo Trump de expansão de laços econômicos com o Brasil. Segundo os membros do Comitê isso se deve ao fato de o governo brasileiro, sob o comando da Rainha Louca, insistir no desrespeito aos direitos humanos e continuar com uma política ambiental de destruição das florestas.

A péssima condução da política ambiental da Rainha Louca é conduzida por Salles, que continua passando a sua boiada e promovendo estragos na frágil economia brasileira. No dia 22 de junho, 29 grandes investidores estrangeiros enviaram uma carta aberta (veja aqui) para vários embaixadores brasileiros mostrando a preocupação com a questão ambiental no Brasil e apontando claramente que podem deixar de investir no nosso país. Uma semana depois foi a vez de 38 executivos brasileiros expressarem preocupação em relação à preservação ambiental. Eles enviaram uma carta aberta ao Conselho da Amazônia presidido pelo Vice-presidente da República (veja aqui).  

Como é usual com esse governo, após o desastre, busca-se remediar. Após uma reunião com os investidores estrangeiros, Mourão concedeu uma entrevista coletiva. Ele demonstrou um bom conhecimento sobre a situação da Amazônia Legal e reconheceu que o combate ao desmatamento começou tarde. Mas, Mourão mostrou a boa prática desse governo na questão de esconder dados ao dizer que não explicou para os investidores a diferenciação entre desmatamento legal e ilegal.


Lastimável, também, foi a questão de ele achar natural a prática dos agricultores locais se utilizarem da técnica arcaica das queimadas para o preparo da terra. É passada a hora de o governo investir na educação desses agricultores no que diz respeito a técnicas mais modernas. Seria muito mais proveitoso do que coibir queimadas, algo que, sob meu ponto de vista, já é proibido.

Infelizmente, parece que o recado não foi muito bem entendido pelo governo e por alguns Ministros. Aparentemente, a Ministra Teresa Cristina tentou ludibriar os investidores estrangeiros passando uma falsa ideia sobre o PL da grilagem.  


É preciso que ela e os demais membros do governo entendam que atualmente é impossível maquiar dados. Estamos em um período no qual as informações são transparentes e perpassam fronteiras. Os verdadeiros donos das terras são os indígenas e aqueles que as invadiram não podem receber títulos e devem ser expulsos. Só assim caminharemos para um desenvolvimento sustentável da Amazônia.  

O que torna mais preocupante na atuação da Ministra Teresa Cristina é lembrar que ela está à frente de uma área responsável por conduzir as políticas em relação ao agronegócio e sabemos que esse setor detém grande fatia do faturamento brasileiro no exterior.

Pareceu-me que o mais preocupado com essa pressão que o Brasil vem sofrendo, dentre os membros da República da Rainha Louca, é o Tchutchuca. Ele, em uma reunião com a OCDE, apontou que os erros e excessos precisam ser corrigidos e chegou a pedir ajuda financeira aos países membros.


Mas, é preciso que o Brasil saia do discurso para a prática e elimine de vez a tática de esconder dados e exonerar aqueles que pensam de maneira diferente da Rainha Louca.

Ontem, 17 ex-Ministros da Economia e ex-Diretores do Banco Central assinaram uma carta mostrando a preocupação com a questão ambiental e mostrando a importância da preservação ambiental para a economia.

Seguindo o caminho de todo e qualquer membro da República da Rainha Louca, o Vice-presidente, em entrevista à Globo News, preferiu minimizar e terceirizar o erro. Mourão exemplificou muito bem o modus operandi desse governo: dificuldades com a crítica, terceirização dos erros, falta de política em todas as áreas e falta de competência para execução das ações necessárias.


De fato, a devastação da Amazônia ocorre há 33 anos, como pode ser visto nesse vídeo produzido pela equipe do G1. A Amazônia perdeu 724 km2 de floresta durante esse período.


Mas, é inegável que o crescimento do desmatamento subiu drasticamente desde o início desse desastroso governo e observamos um total marasmo na contenção da destruição de nossas florestas.

Por outro lado, as trapalhadas da República da Rainha Louca parecem não ter fim. O Ministro Astronauta decidiu por exonerar a Coordenadora-geral de Observação da Terra do Inpe – Lúbia Vinhas – três dias depois da divulgação de um relatório que mostra que a devastação na Amazônia foi recorde para o mês de junho.

Depois de uma tempestade de críticas o Ministro Astronauta enviou mensagem ao jornalista André Trigueiro afirmando que não havia correlação entre a demissão de Lúbia Vinhas e a divulgação dos dados de desmatamento.

 

Dentre as críticas recebidas pela exoneração da Coordenadora-geral de Observação da Terra, a do Greenpeace foi a mais enfática e resume maravilhosamente bem a imagem que a República da Rainha Louca tem passado para o mundo:

Em face dos resultados negativos da política ambiental brasileira, que têm trazido impactos seríssimos para a floresta, seus povos, e também para a imagem e economia brasileira, tudo indica que, o governo decidiu, mais uma vez, por culpar o mensageiro. A demissão da pesquisadora do Inpe não surpreende, seguida de tantas outras demissões de servidores técnicos e competentes, nos dá novamente a entender que o governo é inimigo da verdade. Mas não será escondendo, passando uma maquiagem nos dados ou investindo em propaganda que o governo irá mudar a realidade. E isso acontece por uma razão bem simples: Bolsonaro não quer mudar os rumos da sua política, afinal, a destruição é o seu projeto do governo. Mas nós iremos seguir mostrando a verdade, mesmo o governo tentando escondê-la. Hoje mesmo, junto com Observatório do Clima e ClimaInfo, o Greenpeace lança a atualização da Linha do Tempo Governo da Destruição”.
  
No dia de ontem, o Ministro Astronauta teve que fazer muita ginástica para tentar mostrar que a exoneração da Lúbia Vinhas não tinha vinculação com a divulgação dos dados de desmatamento. Ele assumiu a falha e demonstrou total incompreensão em relação à questão ambiental.


O Ministro Astronauta pode até achar que está sanado o problema, mas conhecendo o histórico de tentativas inúteis de maquiagem dos dados, sabemos que não está sanado.

Ao justificar que a exoneração da pesquisadora fazia parte de uma reestruturação no Instituto, ele e o Diretor do Inpe tiveram que enfrentar críticas feitas pelos servidores do Inpe em relação à tal restruturação (veja aqui).


É extremamente preocupante a reestruturação que vem sendo conduzida no Inpe. Um Instituto com competência científica reconhecida no Brasil e no mundo pode se transformar em mais uma instituição sob a tutela de um Ministro sem experiência científica e a serviço de um Presidente com muito amor pela intervenção em entidades que insistem em apontar os seus erros e, como já apontamos acima, esse é um governo com grande dificuldade em reconhecer seus erros.

Fato é que a República da Rainha Louca insiste em apontar ideias sem as colocar efetivamente em prática. Mas, é importante salientar que, na maioria das vezes, as ideias desse governo são arcaicas e relembram aquelas do século passado, como pode-se ver em outro trecho da entrevista do General Mourão à Globo News. 


Perceba que o Vice-presidente insiste em dizer que o Ministro do Desmatamento é “o cara da preservação” e que a repressão ao desmatamento é uma briga infindável. Esquece-se ele de que grande parte dos invasores da floresta são oriundos de outros estados e não têm qualquer interesse em preservar o ambiente.

Não podemos nos iludir com a esperança de exoneração do Ministro do Desmatamento. Em uma entrevista hoje pela manhã para o jornal Em Ponto da Globo News, Salles demonstrou muita segurança em sua permanência no cargo. Ele sabe que seu trabalho de boiadeiro agrada ao Presidente e assim, as porteiras continuarão sendo abertas.

 

É importante salientar, também, que a troca do Ministro do Desmatamento irá servir apenas, mesmo que temporariamente, para acalmar a mão invisível do mercado. A política ultrapassada continuará mantida, mesmo que os discursos sejam maquiados com citações como sendo uma política para o século XXI.

A República da Rainha Louca parece apostar todas as suas fichas em atitudes inócuas e acredita que a recriação do Conselho da Amazônia irá salvar o Brasil do desastre ambiental em curso e da falência da economia.


O General Mourão segue na mesma cantilena da importância da recriação do Conselho da Amazônia. No entanto, suas ideias são retrógradas ao entender que a questão ambiental deve ser tratada separadamente da questão indígena.

 

Existe uma insistência, por parte do General Mourão, em dizer que a exploração ilegal da floresta é feita pelo povo da Amazônia. Esse é um erro crasso! A exploração é feita por grandes pecuaristas e exploradores de madeira de outros estados. Além disso, o Vice-presidente insiste que a pressão pela preservação ambiental é um instrumento internacional para cercear o avanço do Brasil. Essa é uma ideia tosca e típica daqueles que pretendem seguir com a destruição da floresta.


Na realidade, como dissemos em outro texto aqui nesse blog (veja aqui) a imagem do Brasil como um dos protagonistas mundiais da proteção ambiental foi se esvaindo desde que a Rainha Louca assumiu a Presidência. Essa imagem de outrora ruiu de vez com a fala do Ministro do Desmatamento na patética reunião do dia 22 de abril.


Infelizmente, para provar o descompromisso desse governo com a proteção ambiental, o General Mourão tenta justificar o injustificável e defender o patético boiadeiro que está abrindo porteiras a torto e direito.


A proteção ambiental e dos povos indígenas não passa pela substituição do Ministro do Desmatamento. É fundamental uma mudança na política ambiental brasileira e sabemos todos nós que essa é uma questão que jamais será mudada com esse governo.

A República da Rainha Louca é regida pela psicose da existência de ideologias criadas pelos governos do PT. Para o Presidente a preservação ambiental é “coisa de esquerdistas”. Portanto, a única solução para um desenvolvimento sustentável no Brasil continua sendo a queda desse governo.

Finalizo repetindo uma resposta que já dei inúmeras vezes para uma pergunta constante nas redes sociais:
P: Como você descreveria a Rainha Louca com o nome de um filme?
R: Um corpo que cai de Hitchcock 

2 comentários:

  1. Será que os caras acham mesmo que enganam outros governos ou instituições estrangeiras com essa conversa fiada? Eles não sabem que outros países também têm seus satélites e podem observar a evolução do desmatamento da Amazônia por eles próprios? Ou será que realmente acham que basta manipular o INPE para enganar o mundo?

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  2. Acham...ou fingem que acham...Povo escroto!

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