A batata do Salles já queimou!
Robson Matos
“Por que Salles ainda não caiu”? Essa é a
pergunta que todos andam se fazendo. Aparentemente, a resposta é simples:
porque ele conduz a política que a Rainha Louca apregoou desde a campanha
eleitoral. O Presidente nunca escondeu ser contra: multas ambientais, destruição
dos maquinários de devastadores da floresta, demarcação e proteção de terras indígenas
e qualquer tipo de proteção ambiental. Logo, a manutenção do Salles à frente do
Ministério do Meio Ambiente é fundamental para a política que ele deseja
implementar.
Embora seja uma tarefa quase impossível,
precisamos tentar entender a mentalidade da Rainha Louca. Muitos gostam de frisar
que o Presidente é um militar da reserva do Exército. Todavia, ao observarmos o
comportamento e o pensamento dele, fica muito claro que ele não aprendeu nada
das principais características do Exército Brasileiro. Inicialmente, não
podemos nos esquecer que o nosso Exército tem características iluministas, ou
seja, a corporação sempre se apoiou na ciência. Importante, também, ressaltarmos
que os militares sempre tiveram um instinto nacionalista e protecionista e
durante a ditadura eles foram mais estatizantes que privatistas. Não há como
negar que a República da Rainha Louca despreza a ciência e está interessada em privatizar
tudo o que encontrar pela frente.
Uma outra característica que,
aparentemente, falta à Rainha Louca é a capacidade intelectual e isso é
facilmente detectado várias vezes nas quais ele tenta expor o seu raciocínio
sobre qualquer assunto. Eu, como professor, acredito no potencial de toda e
qualquer pessoa em desenvolver o intelecto e isso depende basicamente de dois
fatores: oportunidade e força de vontade. O Presidente teve a oportunidade e parece-me que lhe faltou a força de vontade de ele desenvolver o próprio
intelecto.
Em uma entrevista ontem à noite à Globo
News, o Vice-presidente parece ter concordado com o meu ponto de vista, ou
seja, a Rainha Louca não é militar e não tem capacidade intelectual.
Levando em conta
que a Rainha Louca possa ter uma baixa capacidade intelectual, é muito pouco
provável que o Ministro do Desmatamento seja exonerado, mesmo após uma pressão da
comunidade internacional. Com o desmazelo com o qual o atual governo tem
tratado a questão ambiental, vários Parlamentos de países europeus estão
prestes a não referendar o acordo Mercosul – União Europeia, como foi o caso do
Parlamento Europeu. O poderoso consórcio de varejistas britânicos – British
Retail Consortium (BRC) – anunciou que poderá tomar medidas de retaliação contra
produtos brasileiros, caso o PL da grilagem não seja retirado de análise. O BRC
reúne 96,8% dos varejistas britânicos e estão cobrando a retirada do PL para
poder continuar adquirindo commodities produzidas com responsabilidade para o
mercado britânico e internacional. A República da Rainha Louca já sofreu
derrotas também no Comitê de Assuntos Tributários da Câmara dos Deputados dos
EUA que se opôs ao plano do governo Trump de expansão de laços econômicos com o
Brasil. Segundo os membros do Comitê isso se deve ao fato de o governo
brasileiro, sob o comando da Rainha Louca, insistir no desrespeito aos direitos
humanos e continuar com uma política ambiental de destruição das florestas.
A péssima condução
da política ambiental da Rainha Louca é conduzida por Salles, que continua passando a sua boiada e promovendo estragos na frágil economia brasileira. No dia 22 de junho, 29
grandes investidores estrangeiros enviaram uma carta aberta (veja aqui) para vários
embaixadores brasileiros mostrando a preocupação com a questão ambiental no
Brasil e apontando claramente que podem deixar de investir no nosso país. Uma
semana depois foi a vez de 38 executivos brasileiros expressarem preocupação em
relação à preservação ambiental. Eles enviaram uma carta aberta ao Conselho da
Amazônia presidido pelo Vice-presidente da República (veja aqui).
Como é usual com
esse governo, após o desastre, busca-se remediar. Após uma reunião com os
investidores estrangeiros, Mourão concedeu uma entrevista coletiva. Ele
demonstrou um bom conhecimento sobre a situação da Amazônia Legal e reconheceu
que o combate ao desmatamento começou tarde. Mas, Mourão mostrou a boa prática
desse governo na questão de esconder dados ao dizer que não explicou para os
investidores a diferenciação entre desmatamento legal e ilegal.
Lastimável, também,
foi a questão de ele achar natural a prática dos agricultores locais se
utilizarem da técnica arcaica das queimadas para o preparo da terra. É passada
a hora de o governo investir na educação desses agricultores no que diz
respeito a técnicas mais modernas. Seria muito mais proveitoso do que coibir
queimadas, algo que, sob meu ponto de vista, já é proibido.
Infelizmente,
parece que o recado não foi muito bem entendido pelo governo e por alguns
Ministros. Aparentemente, a Ministra Teresa Cristina tentou ludibriar os
investidores estrangeiros passando uma falsa ideia sobre o PL da grilagem.
É preciso que ela
e os demais membros do governo entendam que atualmente é impossível maquiar dados.
Estamos em um período no qual as informações são transparentes e perpassam fronteiras.
Os verdadeiros donos das terras são os indígenas e aqueles que as invadiram não
podem receber títulos e devem ser expulsos. Só assim caminharemos para um
desenvolvimento sustentável da Amazônia.
O que torna mais
preocupante na atuação da Ministra Teresa Cristina é lembrar que ela está à
frente de uma área responsável por conduzir as políticas em relação ao
agronegócio e sabemos que esse setor detém grande fatia do faturamento
brasileiro no exterior.
Pareceu-me que o
mais preocupado com essa pressão que o Brasil vem sofrendo, dentre os membros
da República da Rainha Louca, é o Tchutchuca. Ele, em uma reunião com a OCDE, apontou que os erros e excessos precisam ser corrigidos e
chegou a pedir ajuda financeira aos países membros.
Mas, é preciso que
o Brasil saia do discurso para a prática e elimine de vez a tática de esconder
dados e exonerar aqueles que pensam de maneira diferente da Rainha Louca.
Ontem, 17
ex-Ministros da Economia e ex-Diretores do Banco Central assinaram uma carta
mostrando a preocupação com a questão ambiental e mostrando a importância da
preservação ambiental para a economia.
Seguindo o caminho
de todo e qualquer membro da República da Rainha Louca, o Vice-presidente, em
entrevista à Globo News, preferiu minimizar e terceirizar o erro. Mourão
exemplificou muito bem o modus operandi
desse governo: dificuldades com a crítica, terceirização dos erros, falta de
política em todas as áreas e falta de competência para execução das ações
necessárias.
De fato, a
devastação da Amazônia ocorre há 33 anos, como pode ser visto nesse vídeo
produzido pela equipe do G1. A Amazônia perdeu 724 km2 de floresta
durante esse período.
Mas, é inegável
que o crescimento do desmatamento subiu drasticamente desde o início desse
desastroso governo e observamos um total marasmo na contenção da destruição de
nossas florestas.
Por outro lado, as
trapalhadas da República da Rainha Louca parecem não ter fim. O Ministro
Astronauta decidiu por exonerar a Coordenadora-geral de Observação da Terra do
Inpe – Lúbia Vinhas – três dias depois da divulgação de um relatório que mostra
que a devastação na Amazônia foi recorde para o mês de junho.
Depois de uma
tempestade de críticas o Ministro Astronauta enviou mensagem ao jornalista
André Trigueiro afirmando que não havia correlação entre a demissão de Lúbia
Vinhas e a divulgação dos dados de desmatamento.
Dentre as críticas
recebidas pela exoneração da Coordenadora-geral de Observação da Terra, a do
Greenpeace foi a mais enfática e resume maravilhosamente bem a imagem que a
República da Rainha Louca tem passado para o mundo:
“Em
face dos resultados negativos da política ambiental brasileira, que têm trazido
impactos seríssimos para a floresta, seus povos, e também para a imagem e
economia brasileira, tudo indica que, o governo decidiu, mais uma vez, por
culpar o mensageiro. A demissão da pesquisadora do Inpe não surpreende, seguida
de tantas outras demissões de servidores técnicos e competentes, nos dá
novamente a entender que o governo é
inimigo da verdade. Mas não será escondendo, passando uma maquiagem nos
dados ou investindo em propaganda que o governo irá mudar a realidade. E isso
acontece por uma razão bem simples: Bolsonaro
não quer mudar os rumos da sua política, afinal, a destruição é o seu projeto
do governo. Mas nós iremos seguir mostrando a verdade, mesmo o governo
tentando escondê-la. Hoje mesmo, junto com Observatório do Clima e ClimaInfo, o
Greenpeace lança a atualização da Linha do Tempo Governo da Destruição”.
No dia de ontem, o
Ministro Astronauta teve que fazer muita ginástica para tentar mostrar que a
exoneração da Lúbia Vinhas não tinha vinculação com a divulgação dos dados de
desmatamento. Ele assumiu a falha e demonstrou total incompreensão em relação à
questão ambiental.
O Ministro
Astronauta pode até achar que está sanado o problema, mas conhecendo o
histórico de tentativas inúteis de maquiagem dos dados, sabemos que não está
sanado.
Ao justificar que
a exoneração da pesquisadora fazia parte de uma reestruturação no Instituto, ele
e o Diretor do Inpe tiveram que enfrentar críticas feitas pelos servidores do
Inpe em relação à tal restruturação (veja aqui).
É extremamente
preocupante a reestruturação que vem sendo conduzida no Inpe. Um Instituto com competência
científica reconhecida no Brasil e no mundo pode se transformar em mais uma
instituição sob a tutela de um Ministro sem experiência científica e a serviço de
um Presidente com muito amor pela intervenção em entidades que insistem em
apontar os seus erros e, como já apontamos acima, esse é um governo com grande dificuldade
em reconhecer seus erros.
Fato é que a
República da Rainha Louca insiste em apontar ideias sem as colocar efetivamente
em prática. Mas, é importante salientar que, na maioria das vezes, as ideias desse
governo são arcaicas e relembram aquelas do século passado, como pode-se ver em
outro trecho da entrevista do General Mourão à Globo News.
Perceba que o
Vice-presidente insiste em dizer que o Ministro do Desmatamento é “o cara da
preservação” e que a repressão ao desmatamento é uma briga infindável. Esquece-se
ele de que grande parte dos invasores da floresta são oriundos de outros estados
e não têm qualquer interesse em preservar o ambiente.
Não podemos nos
iludir com a esperança de exoneração do Ministro do Desmatamento. Em uma entrevista hoje
pela manhã para o jornal Em Ponto da Globo News, Salles demonstrou muita segurança em
sua permanência no cargo. Ele sabe que seu trabalho de boiadeiro agrada ao
Presidente e assim, as porteiras continuarão sendo abertas.
É importante
salientar, também, que a troca do Ministro do Desmatamento irá servir apenas,
mesmo que temporariamente, para acalmar a mão invisível do mercado. A política
ultrapassada continuará mantida, mesmo que os discursos sejam maquiados com
citações como sendo uma política para o século XXI.
A República da
Rainha Louca parece apostar todas as suas fichas em atitudes inócuas e acredita
que a recriação do Conselho da Amazônia irá salvar o Brasil do desastre
ambiental em curso e da falência da economia.
O General Mourão
segue na mesma cantilena da importância da recriação do Conselho da Amazônia.
No entanto, suas ideias são retrógradas ao entender que a questão ambiental
deve ser tratada separadamente da questão indígena.
Existe uma
insistência, por parte do General Mourão, em dizer que a exploração ilegal da
floresta é feita pelo povo da Amazônia. Esse é um erro crasso! A exploração é
feita por grandes pecuaristas e exploradores de madeira de outros estados. Além
disso, o Vice-presidente insiste que a pressão pela preservação ambiental é um
instrumento internacional para cercear o avanço do Brasil. Essa é uma ideia
tosca e típica daqueles que pretendem seguir com a destruição da floresta.
Na realidade, como
dissemos em outro texto aqui nesse blog (veja aqui) a imagem do Brasil como um
dos protagonistas mundiais da proteção ambiental foi se esvaindo desde que a
Rainha Louca assumiu a Presidência. Essa imagem de outrora ruiu de vez com a
fala do Ministro do Desmatamento na patética reunião do dia 22 de abril.
Infelizmente, para
provar o descompromisso desse governo com a proteção ambiental, o General
Mourão tenta justificar o injustificável e defender o patético boiadeiro que
está abrindo porteiras a torto e direito.
A proteção
ambiental e dos povos indígenas não passa pela substituição do Ministro do Desmatamento.
É fundamental uma mudança na política ambiental brasileira e sabemos todos nós
que essa é uma questão que jamais será mudada com esse governo.
A República da
Rainha Louca é regida pela psicose da existência de ideologias criadas pelos governos do PT. Para o
Presidente a preservação ambiental é “coisa de esquerdistas”. Portanto, a única
solução para um desenvolvimento sustentável no Brasil continua sendo a queda
desse governo.
Finalizo repetindo
uma resposta que já dei inúmeras vezes para uma pergunta constante nas redes
sociais:
P: Como você
descreveria a Rainha Louca com o nome de um filme?
R: Um corpo que
cai de Hitchcock
Será que os caras acham mesmo que enganam outros governos ou instituições estrangeiras com essa conversa fiada? Eles não sabem que outros países também têm seus satélites e podem observar a evolução do desmatamento da Amazônia por eles próprios? Ou será que realmente acham que basta manipular o INPE para enganar o mundo?
ResponderExcluirAcham...ou fingem que acham...Povo escroto!
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