Pesquisar este blog

sábado, 11 de julho de 2020

O Ministro da Evangelização?


O Ministro da Evangelização?

Robson Matos


Embora a grande mídia contabilize 21 dias sem um titular no MEC, tenho uma visão diferente: estamos há 18 meses sem um Ministro da Educação! Desde que assumiu a Presidência, a Rainha Louca tem utilizado o MEC como sua plataforma de disseminação de ódio e de ideologias de extrema direita. O MEC foi ocupado por seguidores do charlatão que vive na Virgínia (EUA) e com isso toda a política educacional em vigor no país foram destroçadas.

O Ministério da Educação tem o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios e não pode ser ocupado por amadores e/ou aventureiros. Nesses últimos 18 meses não houve a apresentação de qualquer política pública para a área da educação e houve o rompimento total do diálogo do Ministério com as Secretarias de Educação – Estaduais e Municipais – e com as Instituições de Ensino Superior (IFE). Os ocupantes do MEC se afastaram também do Congresso Nacional e não conseguiram apresentar aos parlamentares os planos para a área de educação. Os diálogos deram lugar à afronta, desqualificação e tentativas de intervenção nas Universidades.

Com a chegada da pandemia, as escolas fecharam e a situação se agravou. Diante do clamor pelo adiamento das provas do Enem, o mais imbecil a ocupar o MEC relutou em aceitar o adiamento. Por pressão da sociedade e diante da ameaça do Congresso decidir pelo adiamento o MEC decidiu por um adiamento e definição de uma nova data após ouvir os estudantes inscritos. Embora a maioria dos que responderam ao questionamento tenha decidido pelo Enem ser realizado em maio de 2021, o MEC marcou as provas para janeiro. Ou seja, a política de confronto ainda vigora na área.

Vários são os problemas a serem enfrentados pelo novo Pastor – ops, perdão – pelo novo Ministro da Educação. Sobre a mesa do Ministro estão a prorrogação do Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Básico (Fundeb) em discussão no Congresso, a proposta de volta às aulas apresentada pelo Conselho Nacional de Educação, a retomada do diálogo com as Secretarias de Educação e as IFE’s e a elaboração de um Plano de Desenvolvimento para a Educação.


Como se vê, muitos são os desafios e enormes são as dúvidas que pairam sobre o novo Ministro da Educação – Milton Ribeiro. Assim, devemos verificar as credenciais do Pastor.


Como vimos, diferentemente do Decotelli, o Pastor não fraudou seu Currículo Lattes. Entretanto, verifica-se que Milton Ribeiro não possui qualquer experiência em gestão pública, além de não possuir qualquer experiência na área de educação. Destaco, também, a minha estranheza com o fato de a tese do Pastor Ribeiro não haver gerado um único artigo publicado. A maioria dos Programas de Pós-graduação brasileiros tem como exigência para a defesa da tese, o candidato haver publicado pelo menos um artigo em revista indexada. Aparentemente o Programa Faculdade de Educação da USP não possuía essa exigência em 2006, diferentemente de outros Programas do país que passaram a ter essa exigência ainda no final da década de 1990.

No entanto, o mais preocupante é o pensamento retrógrado do Pastor Ribeiro, já expressado por ele em várias ocasiões no passado. O próprio Pastor parece entender que isso depões contra ele, uma vez que apagou os vídeos de suas redes sociais e do seu canal no YouTube.

O Pastor já expressou seus pensamentos machistas, homofóbicos e já até defendeu o feminicídio:


Ao que parece, o Pastor é mais um a entrar no time dos “terrivelmente evangélicos” da República da Rainha Louca.


Além de suas ideias inspiradas no século XIX, o Pastor volta com a mesma cantilena da prioridade à educação básica, conforme mensagem enviada a amigos e divulgada pela revista Veja:

Acredito ser hora de darmos atenção especial à educação básica, fundamental e ao ensino profissionalizante. Ao mesmo tempo devemos incrementar o ensino superior e a pesquisa científica. Atuaremos em articulação com os Estados, Municípios e seus gestores para mudar a história da educação do nosso país”.

Felizmente, o novo Ministro promete não esquecer dos incentivos às Universidades. Porém, ainda há o temor de ele continuar a política de destruição das IFES como fazia o Ministro Fujão, haja vista o seu entendimento no passado sobre essas instituições.


Muito preocupante também é a maneira que o novo Ministro acha que devemos educar nossas crianças.


Será que ele não apanhou o suficiente para aprender o uso da crase? Embora, menos grave que os erros cometidos pelo Ministro Fujão, o resumo da tese de doutorado do Pastor Milton Ribeiro contém um erro em relação ao uso da crase. Entendo que esse é um tema de grande dificuldade, mas não devemos nos esquecer que a dissertação passou pelo crivo de uma banca examinadora.


Outro fator relevante diz respeito às nomeações para o Conselho Nacional de Educação – CNE – feitas, no apagar das luzes, pelo Ministro Fujão. O CNE perdeu toda a sua pluralidade e foi inflado com nomes de seguidores do charlatão da Virgínia em detrimento de representantes das Secretarias de Educação de Estados e Municípios. A pergunta que fica é se o sósia do PC Farias manterá essas nomeações em busca do diálogo que ele já apregoou na mensagem enviada a amigos.


Existe uma grande diferença entre conservadorismo e pensamento retrógrado. O conservadorismo nos permite o debate, já o pensamento retrógrado, grosso modo, é expresso por pessoas sem a capacidade de debater. Geralmente, pessoas assim preferem proferir palestras vomitando asneiras, como vimos nos videos apresentados e que foram preventivamente apagados pelo Pastor, provavelmente, para mostrar ser um homem aberto ao diálogo. 

Na minha ótica, o Estado laico, conforme estabelecido pela constituição, está mais uma vez sob o ataque da Rainha Louca. Visualizo uma educação aos moldes daquela do início do século passado com a obrigatoriedade de seguir a religião determinada pela escola e a volta de alunos ajoelhados em milho e sendo punidos com reguadas.

Vislumbro o fim da laicidade da educação em total desrespeito àqueles que seguem religiões diferentes daquelas majoritárias no Brasil, ou seja, católica e protestantes.

A famosa elucubração mental da Rainha Louca e seus seguidores de que as escolas eram doutrinárias parece estar ganhando forma! Vem aí a Escola sem Partido e com Religião!





Nenhum comentário:

Postar um comentário