MEC explicando o inexplicável!
Robson Matos
O Ministro da Educação parece ter
frequentado os mesmos bancos escolares do Wassef e aprendeu as mesmas táticas
para explicar o inexplicável! Decotelli plagiou sua dissertação de mestrado,
não é militar da reserva e fraudou seu Lattes no que diz respeito ao
Doutoramento e ao estágio de Pós-doutorado. Já falamos sobre as fraudes no Lattes
(veja aqui) e sobre a questão do plágio (veja aqui). Todavia, faz-se necessário
mostrar sem quaisquer dúvidas que o Ministro, atualmente ele é mais conhecido
como Fraudatelli, continua fraudando o Currículo Lattes.
No dia 27 de junho, o MEC emitiu uma Nota
Oficial (veja aqui) tentando justificar as falcatruas que o Ministro Fraudatelli fez no seu
currículo Lattes.
Inicialmente, é importante deixar claro
que o Ministério da Educação jamais
poderia ter se prestado a esclarecer a situação da formação acadêmica do
Fraudatelli. O MEC, através da Capes, tem obrigação de zelar pelos cursos de
pós-graduação e é, talvez, o órgão com mais competência para saber que esse
senhor não possui doutorado como ele insiste em afirmar. O Ministro
utilizou um instrumento oficial do MEC para justificar uma irregularidade cometida antes
de ocupar o cargo. Isso é estranho, né filha?
O senhor Fraudatelli, usou de suas
prerrogativas como Ministro para fazer com que o MEC, de maneira equivocada,
tentasse limpar o seu nome.
Já no primeiro parágrafo da Nota, o MEC
decide insistir em manter a narrativa do Fraudatelli (grifos nossos).
“O Ministério da Educação, com relação aos questionamentos
levantados a respeito da formação acadêmica do Ministro Carlos Alberto
Decotelli da Silva, esclarece que o ministro cursou o Doutorado em Administração na Universidade de Rosário, na
Argentina, no período de 2 de outubro de 2007 a 7 de fevereiro de 2009, tendo sido aprovado em todas as disciplinas
com todos os créditos, conforme atesta o certificado emitido pela Universidade”.
Depreende-se dos trechos grifados que o
MEC insiste em deixar transparecer que Fraudatelli cursou o Doutorado. Está
claro que o MEC tenta maquiar uma situação irreal e tem dificuldade de assumir
que Fraudatelli não tem doutorado. Todos nós, e principalmente o MEC, sabemos
que para a obtenção de um título – em nível de graduação ou pós-graduação –
faz-se necessário cumprir os requisitos mínimos necessários. E como o Reitor da
Universidade Nacional de Rosário afirmou, o Ministro fraudador não cumpriu
essas exigências mínimas.
Em suma, Fraudatelli não cursou
doutorado como diz a nota! Ele cursou as disciplinas do curso de doutorado da
UNR. Mas, ele continua insistindo em dizer que possui o título de doutor. No
seu Currículo Lattes, mesmo depois da atualização, buscaremos mostrar que ele continua
fraudando o Sistema Lattes.
Repare que quando fizemos a busca na
Plataforma Lattes pelo Currículo do Ministro, deixamos marcado para que o
sistema buscasse apenas pessoas com o título de doutor:
Houvesse ele feito as devidas correções,
ou seja, conforme afirmou o Dirigente máximo da UNR, o nome do Fraudatelli não
apareceria dentre os resultados:
Alguns dirão que isso seria apenas um
erro do sistema, mas na tela de apresentação do currículo, lá está a foto do
Fraudatelli todo sorridente e onde consta que ele realizou seu doutorado na UNR e já está devidamente esclarecido que ele não
finalizou seu doutoramento, inclusive a Nota Oficial do MEC
confirma isso (vide infra).
O Ministro continuou faltando com a
verdade. Observe que o Currículo foi certificado pelo autor no dia 27 de junho,
mesma data da Nota Oficial.
Mais grave ainda, o que faz com que
Decotelli conste na base de dados da Plataforma Lattes é o fato de ele ter
preenchido, de maneira fraudulenta, na Seção Formação Acadêmica/Titulação
possuir Doutorado.
Em grifo vermelho, você observa que ele
preenche o campo “Ano de Conclusão”. Já foi dito, inclusive pela Nota do MEC,
que ele não defendeu a tese, logo, ele não cumpriu os requisitos mínimos para a
obtenção do título de doutor. Já onde deveria constar o título da tese (grifo
preto), Fraudatelli coloca “Créditos Concluídos”.O campo “Nome do Orientador”
(grifo verde) é preenchido com “Sem defesa de tese” e, assim, assumindo, de novo,
que não defendeu a tese.
Analisando um pouco mais, perceba que o
alegado curso de doutorado do Fraudatelli inicia-se em 2007 (grifo em marrom), ano no qual ele ainda não havia finalizado o curso de Mestrado. Ou seja, o Ministro faltou com a verdade ao ingressar no curso de Doutorado da UNR?
No segundo parágrafo da Nota Oficial do
MEC diz ter muito orgulho de ter sido aceito em função de sua qualificação
acadêmica (grifo nosso).
“O ministro informou
ainda que tem muito orgulho do curso realizado, principalmente por ter sido
custeado com seus próprios recursos financeiros e pelo fato de ter sido aceito em tão respeitada
instituição de ensino no exterior unicamente em função de sua qualificação
acadêmica, construída ao longo da vida com muito esforço e dedicação”.
Esse
parágrafo pareceu-me uma forma de ele jogar flores em si. Todavia, deve-se
destacar que Fraudatelli precisa ter um pouco de cuidado, haja vista a sua
dissertação de mestrado ter sido colocada em cheque!
O terceiro
parágrafo da Nota do MEC e fundamental dentro da análise que aqui está sendo
feita. Fraudatelli assume que sua defesa de tese não foi autorizada (grifo
nosso). Todavia, inicia a frase, de maneira equivocada com “Ao final do curso”.
Que fique claro ele não finalizou o curso, ele apenas cursou disciplinas
isoladas.
“Ao final do
curso, apresentou uma tese de doutorado
que, após avaliação preliminar pela banca designada, não teve sua defesa
autorizada. Seria necessário, então, alterar a tese e submetê-la novamente
à banca. Contudo, fruto de compromissos no Brasil e, principalmente, do
esgotamento dos recursos financeiros pessoais, o ministro viu-se compelido a
tomar a difícil decisão de regressar ao país sem o título de Doutor em Administração”.
Uma vez que
Fraudatelli não possui título de doutor, todos estão indagando como ele
conseguiu fazer um estágio de pós-doutoramento, conforme ele declara em seu
Lattes?
“Tendo
trabalhado como professor de gestão de riscos em derivativos no agronegócio em
vários cursos no Brasil, construiu um projeto de pesquisa intitulado
“Sustentabilidade e Produtividade na automação de máquinas agrícolas”, que foi
submetido à Bergische Universitat Wuppertal, na Alemanha, tendo por base
pesquisa específica que teve o apoio da empresa Krone (www.krone.de). A universidade alemã aceitou apoiar o
projeto, considerando a relevância do tema, a conclusão e a aprovação em todos os créditos obtidos no curso de
Doutorado em Administração na Universidade de Rosário e seus 30 anos de
atuação como conceituado professor no Brasil. A pesquisa, que foi orientada
pela Dra. Brigitte Edith Ursula Wolf e pelo Dr. Siegfried Maser, foi concluída
e publicada em 10 de outubro de 2017. Ressalta-se que, por questões de sigilo
em relação aos dados da citada empresa, o acesso ao texto integral da pesquisa
está disponível apenas por meio de visita presencial ao cartório de registros
acadêmicos na cidade de Koln, na Alemanha”.
Como visto
acima, Fraudatelli fornece todas as evidências de que seu estágio na
Universidade da Alemanha foi de participação em um projeto de pesquisa para o
qual ele obteve apoio. De novo ele tenta maquiar e justificar que foi um estágio
de pós-doutoramento e afirma novamente, não ter o título de doutor. Por que ele
insiste em deixar a informação no Lattes que contraria o que ele diz? Ele falta
com a verdade em relação ao doutoramento e ao estágio de pós-doutoramento.
Finalmente,
no quinto parágrafo da Nota, observamos uma meia verdade quando ele diz não ter
recebido título pela pesquisa realizada na Alemanha. Todavia, ele não explica o
motivo pelo qual não recebeu.
“Em abril de
2017, recebeu documento que atesta o registro de seu trabalho. O ministro
ressalta que não recebeu títulos em decorrência desta pesquisa”.
Embora,
muitos acreditem que o pós-doutoramento signifique mais um título acadêmico,
ele não o é! Pós-doutoramento nada mais é que um estágio, normalmente em
pesquisa científica, que não lhe confere certificado. O máximo que se obtém ao
final de um estágio de pós-doutoramento é uma declaração da instituição que
você realizou pesquisas na instituição, em possuindo o título de doutor, você
lança no Currículo Lattes como estagio de pós-doutorado. Fato é que ele não é
doutor!
Mas, a
grande pérola da Nota do MEC está no sexto parágrafo (grifo nosso):
De forma a
dirimir quaisquer dúvidas, o ministro já
efetuou os devidos ajustes em seu currículo, que, em breve, estarão
refletidos nas principais plataformas de divulgação de dados profissionais.
Conforme
provamos nas linhas acima, Fraudatelli realizou todos os ajustes, todavia,
esses ajustes estão longe de terem sido feitas de maneira correta. Não me
admira ele não ter obtido a autorização para defender a sua tese de doutorado.
Nos dois
últimos parágrafos, o Ministro chama de ilação a questão dos trechos plagiados
em sua dissertação de mestrado, dizendo serem ilações:
“Com relação
às ilações sobre plágio na dissertação de mestrado intitulada “BANRISUL: do
PROES ao IPO com governança corporativa”, apresentada em 2008 à Fundação
Getúlio Vargas (FGV), o ministro refuta as alegações de dolo, informa que o
trabalho foi aprovado pela instituição de ensino e que procurou creditar todos
os pesquisadores e autores que serviram de referência e cujo conhecimento
contribuiu sobremaneira para enriquecer seu trabalho. O ministro destaca que, caso tenha cometido quaisquer omissões, estas
se deveram a falhas técnicas ou metodológicas. Informa também que, ainda
assim, por respeito ao direito intelectual dos autores e pesquisadores citados,
revisará seu trabalho e que, caso sejam identificadas omissões, procurará
viabilizar junto à FGV uma solução para promover as devidas correções.
O ministro
informou ainda que este trabalho teve respaldo no período de março de 2004 a
dezembro de 2010, quando foi responsável pela capacitação de mais de 3.000
profissionais do BANRISUL, tendo agregado esta vivência profissional e seu
conhecimento da cultura do Banco como base de referência para a construção da
dissertação, agregando informações públicas disponíveis em sites públicos e
privados pertinentes aos relatórios e informações de empresas S.A. de capital
aberto”.
Bom, de acordo com as provas
apresentadas pelo Prof. Thomas Conti em relação ao plágio, parecem estar longe
de serem ilações. Como exemplo, cito apenas um dentre os vários trechos da
dissertação de mestrado do Fraudatelli, apontados pelo Prof. Conti.
Fraudatelli tenta passar a impressão de que as omissões de citação se devem a falhas técnicas ou metodológicas.
Desculpe-me Ministro, deixar de citar o autor original é, no mínimo e sendo elegante, falha na
formação científica.
Finalizo, definindo o Ministro da
Educação com termos que atolaram as redes sociais nos últimos dias. Esses
termos não são de minha autoria e não sei o verdadeiro autor, mas achei todos
extremamente relevantes e que mostram com fidedignidade o caráter do Decotelli:
O “Doutor quase honoris causa” que foi estagiário de “pré-doutoramento”
na Alemanha e é chamado pelos íntimos de “Ministro Recortelli Colelli”.
Excelente, professor.
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