Pesquisar este blog

sábado, 27 de junho de 2020

Decotelli: Uma hecatombe de fraudes


Decotelli: Uma hecatombe de fraudes.

Robson Matos


Após pouco mais de 24 horas da sua nomeação como novo Ministro da Educação, veio à tona as fraudes cometidas por esse cidadão. Algumas foram citadas em um texto anterior nesse Blog (veja aqui).

A primeira fraude noticiada foi a respeito de uma licitação da época que ele presidia o FNDE. Decotelli autorizou a compra de 30.030 notebooks para uma escola mineira que tinha 255 alunos matriculados. Diga-se de passagem, alunos bastante privilegiados! Cada um receberia 177 notebooks, caso a licitação não fosse suspensa pelo sucessor no FNDE do atual Ministro.

Ainda no dia de ontem surgiu a notícia de que Decotelli não havia obtido o seu título de doutor conforme informava a Rainha Louca, quando do anúncio de que ele seria o novo Ministro da Educação. 


Aliás, essa informação foi dada pelo Ministro em seu Currículo Lattes. Após o Reitor da Universidade argentina informar em sua conta no Twitter que ele não havia obtido o título de doutor, o MEC tentou negar a informação e apresentou um certificado em nome do atual titular do MEC.


 Todavia, o certificado corroborava com a informação fornecida pelo Reitor da UNR.

Só após uma entrevista realizada pela Globo com o Reitor Franco Bartolacci é que o Ministro da Educação assumiu a fraude.



Decotelli resolveu atualizar, mal e porcamente, o seu Currículo Lattes. 


Não há como negar que o Ministro manteve a fraude em seu Lattes. No resumo de apresentação de seu currículo, ele continua afirmando possuir título de Doutor pela UNR. Além disso, o cidadão informa na seção de Formação Acadêmica/Titulação ter concluído o Doutorado em 2009 – observe o campo “Ano de Obtenção”. No campo onde deveria constar o título da tese – repare na figura acima o campo “Título” – ele preenche com “Créditos concluídos”. Outra inconsistência está no campo “Orientador”, onde consta “Sem defesa de Tese”. Ora bolas, o que é um Doutorado sem defesa de tese?

Além do mais, o Reitor da UNR afirmou que a tese do Decotelli foi reprovado na defesa de sua tese. Pois é, o Reitor Franco Bartolacci e a Universidade Nacional de Rosário já fazem parte da lista de comunistas e daqueles que querem derrubar a Rainha Louca! Sempre a mesma cansativa cantinela!

Ontem no programa Em Pauta da Globo News, as comentaristas foram unânimes em condenar a atitude patética do Ministro da Educação.


Mas, elas não foram as únicas. As redes sociais estão abarrotadas de comentários condenando o Ministro da Educação.

Outra fraude encontrada no Currículo Lattes de Decotelli diz respeito a ele ter feito um estágio de Pós-doutoramento na Alemanha. Segundo a Fátima Oliveira, os correspondentes da imprensa alemã andam se perguntando como ele conseguiu fazer um pós-doutoramento sem possuir o título de doutor.


Pois é Fátima, você e os correspondentes da imprensa alemã não são os únicos a fazerem esta indagação. Toda pessoa de bom senso está se preguntando a mesma coisa. Como disse-me uma amiga, Decotelli criou uma nova modalidade de estágio: o estágio de pré-doutoramento. Mais bomba virá por aí!

As fraudes no Lattes estão se tornando cada vez mais comuns. Decotelli não foi o primeiro e nem será o último a alimentar o Sistema do CNPq com informações falsas. Dezoito anos atrás, em uma publicação no Boletim Informativo da Universidade Federal de Minas Gerais, eu apontava que o Currículo Lattes estava sendo fraudado e até hoje pouco, ou quase nada, foi feito para coibir essa prática (veja aqui).

Foi, também, no Twitter que surgiu a informação de que Decotelli, também, cometeu plágio em sua dissertação de Mestrado, segundo o Prof. Thomas Conti.


Dentre os vários trechos da dissertação de mestrado do Decotelli, apontados pelo Prof. Conti, destaco o trecho abaixo que pode ser comparado com o trabalho original depositado na UFBA (veja aqui). 


O jornal da Associação de Docentes da UFRJ deu a seguinte informação exclusiva:

Decotelli não é um oficial de carreira da Marinha do Brasil. Ele é oficial reservista, segundo tenente formado na Escola de Formação de Oficiais para a Reserva da Marinha (EFORM), onde passou dois anos. Não se trata, portanto, de um oficial de carreira que entrou para a reserva, mas de alguém formado para a reserva numa baixa patente”.

Com esse histórico de fraudes e plágios, pergunto-me qual a respeitabilidade desse cidadão para conduzir o MEC nas políticas educacionais deixadas de lado há mais de 18 meses.

Como disse Sandra Coutinho, a mentira tem pernas curtas e o Ministro está dando um péssimo exemplo!


Os críticos dirão que eu apenas quero derrubar esse desastroso governo. Respondo-lhe, isso é o meu desejo, não há dúvidas. Todavia, não é esse o aspecto retratado nesse texto. Sou uma pessoa de princípios e acho que a educação seja o caminho para a transformação social do Brasil. Um Ministro da Educação que frauda e plagia, não educa, ele deseduca. Não se esqueça de que é o MEC que conduz a realização do Enem, a escolha de livros didáticos e que a Capes – responsável pelos cursos de Pós-Graduação – está sob o comando do Ministro.

O mínimo que se espera de um Ministro da Educação, embora não apenas dessa área, é decência, ética e idoneidade.




2 comentários:

  1. Parabéns, Robson!
    Embora uma preocupação nos países desenvolvidos desde os anos 90 do século passado, a desonestidade académica e científica ainda é um asdinto recente no Brasil. As primeiras diretrizes datam de 2011. Precisamos enfrentar o assunto é quando se trata de um pessoa pública,um ministro da educação, o tema fica ainda mais escandaloso.

    ResponderExcluir
  2. Dar título para malandro significa dar aval e condições institucionais para este assumir postos sociais importantes (sem ter efetiva competência para isso). Nesse sentido, penso que se a FGV constatar que efetivamente houve plágio na dissertação de mestrado, tem o direito e o dever de cassar o título de mestre a quem obteve o título dessa forma.

    ResponderExcluir