Decotelli: Uma hecatombe de fraudes.
Robson Matos
Após pouco mais de 24 horas da sua
nomeação como novo Ministro da Educação, veio à tona as fraudes cometidas por
esse cidadão. Algumas foram citadas em um texto anterior nesse Blog (veja aqui).
A primeira fraude noticiada foi a
respeito de uma licitação da época que ele presidia o FNDE. Decotelli autorizou
a compra de 30.030 notebooks para uma escola mineira que tinha 255 alunos
matriculados. Diga-se de passagem, alunos bastante privilegiados! Cada um
receberia 177 notebooks, caso a licitação não fosse suspensa pelo sucessor no
FNDE do atual Ministro.
Ainda no dia de ontem surgiu a notícia de
que Decotelli não havia obtido o seu título de doutor conforme informava a Rainha
Louca, quando do anúncio de que ele seria o novo Ministro da Educação.
Aliás,
essa informação foi dada pelo Ministro em seu Currículo Lattes. Após o Reitor
da Universidade argentina informar em sua conta no Twitter que ele não havia obtido o
título de doutor, o MEC tentou negar a informação e apresentou um certificado
em nome do atual titular do MEC.
Todavia, o certificado corroborava com a
informação fornecida pelo Reitor da UNR.
Só após uma entrevista realizada pela
Globo com o Reitor Franco Bartolacci é que o Ministro da Educação assumiu a
fraude.
Decotelli resolveu atualizar, mal e
porcamente, o seu Currículo Lattes.
Não há como negar que o Ministro
manteve a fraude em seu Lattes. No resumo de apresentação de seu currículo, ele
continua afirmando possuir título de Doutor pela UNR. Além disso, o cidadão
informa na seção de Formação Acadêmica/Titulação ter concluído o Doutorado em
2009 – observe o campo “Ano de Obtenção”. No campo onde deveria constar o
título da tese – repare na figura acima o campo “Título” – ele preenche com “Créditos
concluídos”. Outra inconsistência está no campo “Orientador”, onde consta “Sem
defesa de Tese”. Ora bolas, o que é um Doutorado sem defesa de tese?
Além do mais, o Reitor da UNR afirmou
que a tese do Decotelli foi reprovado na defesa de sua tese. Pois é, o Reitor Franco Bartolacci e a
Universidade Nacional de Rosário já fazem parte da lista de comunistas e
daqueles que querem derrubar a Rainha Louca! Sempre a mesma cansativa
cantinela!
Ontem no programa Em Pauta da Globo
News, as comentaristas foram unânimes em condenar a atitude patética do
Ministro da Educação.
Mas, elas não foram as únicas. As redes
sociais estão abarrotadas de comentários condenando o Ministro da Educação.
Outra fraude encontrada no Currículo Lattes
de Decotelli diz respeito a ele ter feito um estágio de Pós-doutoramento na
Alemanha. Segundo a Fátima Oliveira, os correspondentes da imprensa alemã andam se perguntando como
ele conseguiu fazer um pós-doutoramento sem possuir o título de doutor.
Pois é Fátima, você e os
correspondentes da imprensa alemã não são os únicos a fazerem esta indagação.
Toda pessoa de bom senso está se preguntando a mesma coisa. Como disse-me uma
amiga, Decotelli criou uma nova modalidade de estágio: o estágio de pré-doutoramento. Mais bomba virá por
aí!
As fraudes no Lattes estão se tornando
cada vez mais comuns. Decotelli não foi o primeiro e nem será o último a
alimentar o Sistema do CNPq com informações falsas. Dezoito anos atrás, em uma
publicação no Boletim Informativo da Universidade Federal de Minas Gerais, eu
apontava que o Currículo Lattes estava sendo fraudado e até hoje pouco, ou
quase nada, foi feito para coibir essa prática (veja aqui).
Foi, também, no Twitter que surgiu a
informação de que Decotelli, também, cometeu plágio em sua dissertação de
Mestrado, segundo o Prof. Thomas Conti.
Dentre os vários trechos da dissertação de mestrado do Decotelli, apontados pelo Prof. Conti, destaco o trecho abaixo que pode ser comparado com o trabalho original depositado na UFBA (veja aqui).
“Decotelli não é um
oficial de carreira da Marinha do Brasil. Ele é oficial reservista, segundo
tenente formado na Escola de Formação de Oficiais para a Reserva da Marinha
(EFORM), onde passou dois anos. Não se trata, portanto, de um oficial de
carreira que entrou para a reserva, mas de alguém formado para a reserva numa
baixa patente”.
Com esse histórico de fraudes e
plágios, pergunto-me qual a respeitabilidade desse cidadão para conduzir o MEC
nas políticas educacionais deixadas de lado há mais de 18 meses.
Como disse Sandra Coutinho, a mentira
tem pernas curtas e o Ministro está dando um péssimo exemplo!
Os críticos dirão que eu apenas quero
derrubar esse desastroso governo. Respondo-lhe, isso é o meu desejo, não há
dúvidas. Todavia, não é esse o aspecto retratado nesse texto. Sou uma pessoa de
princípios e acho que a educação seja o caminho para a transformação social do
Brasil. Um Ministro da Educação que frauda e plagia, não educa, ele deseduca.
Não se esqueça de que é o MEC que conduz a realização do Enem, a escolha de
livros didáticos e que a Capes – responsável pelos cursos de Pós-Graduação –
está sob o comando do Ministro.
O mínimo que se espera de um Ministro
da Educação, embora não apenas dessa área, é decência, ética e idoneidade.
Parabéns, Robson!
ResponderExcluirEmbora uma preocupação nos países desenvolvidos desde os anos 90 do século passado, a desonestidade académica e científica ainda é um asdinto recente no Brasil. As primeiras diretrizes datam de 2011. Precisamos enfrentar o assunto é quando se trata de um pessoa pública,um ministro da educação, o tema fica ainda mais escandaloso.
Dar título para malandro significa dar aval e condições institucionais para este assumir postos sociais importantes (sem ter efetiva competência para isso). Nesse sentido, penso que se a FGV constatar que efetivamente houve plágio na dissertação de mestrado, tem o direito e o dever de cassar o título de mestre a quem obteve o título dessa forma.
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