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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Complemento visual do texto sobre Cataguases

Vale a pena assistir!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Fórmula 1?

Robson Matos
Desde o último mês de setembro tenho circulado constantemente por estas estradas de mão dupla. Destas com uma única pista para ir e outra para voltar. Vez ou outra nos deparamos com a traseira de um carro mais lento que você. Nesse momento você começa a pensar:
- Realmente a Lei de Murphy funciona!
Sim, depois de trafegar quilômetros sem ver nenhum carro no sentido contrário, eles começam a aparecer às dezenas. Os pontos de ultrapassagem com segurança desaparecem. Você imagina que o motorista da frente decidiu diminuir ainda mais a velocidade. Você começa a ver a luz de freio acendendo mais periodicamente. Ai você começa a imaginar que ele é seu inimigo. Você continua quase pacientemente atrás dele. De quando em quando sai com o seu carro para a pista contrária só para se fazer notar. Liga a seta demonstrando que quer ultrapassá-lo. Dá uma piscada de farol de 5 em 5 minutos. Qual o seu desejo? Que ele saia para o acostamento? Saiba que trafegar pelo acostamento é falta grave ou gravíssima. Por que ele deveria lhe dar passagem? Por você ter lindos olhos verdes? Por você se achar mais importante que ele? Por achar seu carro melhor que o dele? Ah! Me ajuda ai né?
Bom, mas finalmente chega um bom de ultrapassagem com segurança. Você se enche de felicidade, joga o carro para o lado pisa fundo no acelerador e escuta a narração do Galvão:
- Agora ele vai, não tem mais como o piloto da frente segurar!
Mas não é que o piloto da frente resolveu acelerar mais que você? Você é obrigado a recolher seu carro pois surge um caminhão no sentido contrário!
Com certeza o piloto da frente também ouviu a narração do Galvão dentro da sua cabeça:
- Ele manteve de forma espetacular a sua posição! É isto que faz a diferença atualmente nas pistas. Um piloto com um carro 1.0 conseguiu segurar o piloto do carro 2.0!
Quando você estava lado a lado com o outro carro você percebeu que o motorista era do sexo masculino. E viu em seu rosto aquele sorriso típico do "Dick Vigarista", perosnagem do antigo desenho animado "A Corrida Maluca".
Lógico só poderia ser do sexo masculino! Só o instinto maculino é capaz de tamanha irresponsabilidade!
Estas são receitas infalíveis para um bom stress! Ah! Quer saber? Vamos tentar relaxar em situações como esta. Que tal planejarmos nossas viagens com um tempo extra para não ficarmos no sufoco com o horário do compromisso? Tente imaginar que o carro da frente pode ter sido enviado por alguém para te atrasar um pouco e evitar algo pior alguns quilômetros à frente. Ou então, imagine que o motorista da frente pode ter um carro menos potente, ou até mesmo que se sinta apavorado com um carro grudado na sua traseira.
Mas de qualquer forma, talvez fosse bom iniciarmos uma campanha para que a seguinte frase fizesse parte das transmissões de Fórmula 1:
"A Polícia Rodoviária Federal adverte: ouvir a voz do Galvão nas estradas pode ser prejudicial a você e ao motorista ao seu lado! Não repita nas estradas as manobras típicas da Fórmula 1!"
Acho que todos já passamos por situação como a narrada aqui. Vamos tentar mudar nosso instinto masculino nas estradas?
Robson Matos

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Se energizando

Robson Matos

Aqueles mais próximos de mim sabem que sou alucinado pelo sol, pelo mar, pela lua e lógico pela natureza!
Macaé e Rio das Ostras sempre me encantaram. Mas, depois de assistir a esta cena maravilhosa, meu encantamento pela região só fez aumentar. Lógico, o local eu já havia conhecido, mas o conheci na hora errada.
Fui apresentado a este espetáculo por uma amiga que tanto me acolheu e acolhe na região. Uma pessoa linda. Nossa! Muito obrigado Mônica!
Após assistir a este belo espetáculo, cheguei à conclusão de que não saio mais daqui. Já pedi à minha família que não me tire daqui nem em um caixote de madeira, nem em um pote metálico. E para garantir que assista a este espetáculo para sempre vou deixar registrado meu desejo de ter minhas cinzas jogadas neste local.
Mas o que há de tão especial neste local? Dirão alguns, afinal o sol se põem sempre em qualquer lugar. Porém, não em muitos lugares vemos o sol se por refletindo-se em uma lagoa ao lado do mar com um horizonte pouco poluido e com a presença de belas montanhas a uma distância relativamente grande.
Assistir o sol se por neste local me trás paz, tranquilidade e energia.
Não percam a oportunidade de assistir a este grandioso espetáculo que ocorre todos os dias no findar da tarde e absolutamente gratuito. Você sentirá toda a sua energia sendo renovada!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Criamos o velho pensando ser o novo

Robson Matos
Ainda está viva em minha memória aquela tarde do dia 14 de outubro de 2004. Tinha chegado a hora que a grande maioria dos professores da UFMG aguardou por anos. Dava início à assembleia de professores para decidir pelo apoio ou não à criação de uma nova entidade nacional de representação dos docentes das universidades federais.
Foi uma assembleia tensa com longos e acolorados debates. Acusações de lado a lado, mas enfim uma decisão que até pouco muito me orgulhava. Dava-se início à realização de um sonho da grande maioria dos professores da UFMG. Na noite deste mesmo dia, partimos em comitiva para Brasília onde se daria a criação da nova entidade que nascia com o apoio de professores de inúmeras universidades federais de todas as regiões do Brasil.
No dia dos professores de 2004, pudemos então comemorar o nascimento de uma entidade disposta a estar mais próxima à base. Nosso maior objetivo era trabalhar para que a voz e o voto de cada professor tivesse o mesmo peso. Uma entidade que estaria distante dos vícios e dos erros que levaram a outra entidade à insensatez de defender mais ardorosamente interesses partidários e de outros que não os da classe que representava.
Não tínhamos medo do novo. Acreditávamos na democracia em seu sentido mais amplo. Ou seja, a democracia deve ser a arte de se chegar ao consenso, mas jamais a arte de impor a vontade da maioria sobre a minoria. Democracia é saber muito mais ouvir do que falar.
Dentro deste espírito, esta nova entidade foi colhendo bons frutos. Os resultados das negociações salariais fizeram com que os docentes voltassem a acreditar no sindicalismo. Os professores voltavam a participar dos debates junto ao MEC sobre temas concernentes à universidade.
Passados dois anos de sua fundação, a nova entidade já começava a ser tomada por algo que cheirava velho. A unicidade em torno do ideal que a fez nascer já não existia. Notava-se claramente uma briga feroz e suja pelo poder. As votações por consenso não mais existiam. Agora era tudo voto a voto e cada um defendendo com unhas e dentes o que os docentes de sua universidade queriam. Sensato? Talvez. Mas o que se via eram pessoas defendendo os ideais de suas universidades para alavancar suas próprias carreiras políticas locais. Em determinados momentos sentia-me mal em relatar reinvidicações aprovadas pela diretoria desta entidade que beneficiariam muito mais a classe da carreira a qual pertenço do que qualquer outra.
Foi ai que, infelizmente, me dei conta de que havia ajudado a recriar o velho com uma nova roupagem. A nova entidade caminhava a passos largos para se transformar naquilo que a UFMG abominava. Pensei, precisamos dar tempo ao tempo. A situação pode se reverter e voltarmos ao ideal que pretendíamos.
Infelizmente as coisas pioraram ainda mais quando um diretor de uma das associações docentes próximas à esta nova entidade teve a infeliz ideia de transformá-la em um sindicato nacional. Pronto! Era o tiro de misericórdia! Minha percepção novamente mudou. Cheguei à conclusão de que jamais chegamos a criar o novo. Tentamos criar o novo, mas não fomos capazes! Fizemos nada mais nada menos que reinventar o velho.
A ideia estapafúrdia de transformação desta nova entidade em sindicato nacional a levou ao distanciamento da base. Eles esqueceram que nós docentes temos problemas salariais sérios, que temos problemas crônicos em relação às nossas carreiras e que as universidades federais, apesar da grande melhoria observada nos últimos anos, ainda precisam de inúmeros avanços. Pouco ou quase nada se ouve em relação às ações levadas a cabo por esta nova entidade. O que se ouve diz a respeito a brigas judiciais infindáveis em torno de registro sindicais.
Lamentável estar expondo tudo isto aqui, mas precisava fazê-lo para poder dormir com mais tranquilidade.
Neste ponto, dirijo-me especificamente a cada um dos meus colegas da UFMG que tanto nos apoiou nestas empreitadas e peço do fundo do coração as minhas mais humildes desculpas por tê-los levado a acreditar que estávamos criando algo novo. Infelizmente não estávamos! Até pouco tempo acreditava que o novo havia sido criado e que bastava uma alternância no poder para que a entidade voltasse aos seus ideais. Colegas, confesso não acredito mais nesta nova velha entidade. Não dá para acreditar em uma entidade menor que as pessoas. Não dá para acreditar em uma entidade na qual não há alternância de poder e sim alternância de cadeiras.
Mas o sonho acabou? Lógico que não! Sonhos nunca acabam! Infelizmente não estou mais na UFMG que sempre tirou o movimento docente da inércia! Mas meu sonho hoje passa um pouco mais longe desta entidade. Passa por uma federação de sindicatos locais.
Gostaria de pedir desculpas especialmente a um professor, sem citar o seu nome. Este professor disse-me, ao final da assembleia do dia 14 de novembro de 2004, com toda a clareza que lhe sempre foi peculiar: "Vocês estão criando o Pró...." Ah! deixa pra lá o que ele achava que estávamos criando! Mas a verdade é querido colega professor. O senhor estava absolutamente correto. Desculpe-me.
Robson Matos

Riquezas de Minas - Cataguases

Artigo publicado inicialmente no Jornal da Apubh – Ano 3 – no. 8 de Outubro de 2006

Robson Matos


Muitas são as riquezas de Minas. Terra da Inconfidência, do barroco rococó, do pão de queijo, da cachaça de qualidade... Ainda é possível listar músicos e grandes músicas, cidades históricas, como Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e São João Del´Rey, estâncias hidrominerais, o ouro, os diamantes, a seresta, Juscelino... Todas riquezas e conhecidas...
O que talvez poucos saibam é que nosso Estado também é o berço do cineasta Humberto Mauro, da Revista Verde e do Modernismo. Filho de Volta Grande, mas criado em Cataguases, Humberto Mauro é pioneiro na transição do cinema mudo para o cinema falado. Glauber Rocha o considerava o pai do Cinema Novo. Em 1925, Humberto Mauro fundou nessa pequena cidade da Zona da Mata Mineira a Phebo Filmes do Brasil S.A. que, em cinco anos de existência, produziu grandes clássicos como Braza Dormida, Thesouro Perdido e Sangue Mineiro. Mauro também é considerado o pioneiro da profissão de cineasta no Brasil. A história do cinema brasileiro é dividida em vários ciclos regionais. De todos, o Ciclo de Cataguases é um dos mais importantes, tanto pela originalidade dos filmes, quanto pela revelação de uma das figuras mais marcantes do cinema brasileiro.
No entanto, essa cidade de menos de 100 mil habitantes, conhecida como Princesinha da Zona da Mata, tem outras histórias culturais. Foi ali, que, em 1927, Ascânio Lopes, Camilo Soares, Enrique de Resende, Fonte-Boa, Francisco Inácio Peixoto, Guilhermino César, Martins Mendes, Oswaldo Abritta e Rosário Fusco criaram a Revista Verde, a principal publicação modernista de Minas e uma das mais significativas do país. A revista teve a colaboração de vários ases da literatura brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, Emílio Moura, Martins Mendes e Mário de Andrade. O fim da revista coincidiu com a morte de Ascânio Lopes, em 1929, mas Martins Mendes e Francisco Inácio Peixoto ainda permaneceram em Cataguases.
Peixoto foi industrial, escritor, mecenas e professor. Financiou vários movimentos culturais da cidade e foi o responsável por levar a arquitetura modernista para a cidade ao encomendar a Oscar Niemeyer o projeto de sua casa e, posteriormente, de um grande colégio. Tanto sua casa quanto o colégio contam com jardins de Burle Marx e esculturas de José Pedrosa e Jan Zach. Após estes projetos, seguem-se outros em estilo modernista, como a Igreja Matriz de Santa Rita, projetado por Edgar Guimarães do Valle; o Hotel Cataguases, a Casa de Saúde, um clube social, um teatro, várias praças públicas projetadas por Francisco Bolonha, residências etc. Cataguases pode ser considerada hoje um museu do modernismo a céu aberto, pois são encontrados em locais públicos painéis de Emeric Marcier, Anísio Medeiros, Djanira e Portinari, além de esculturas de Bruno Giorgi e Jan Zach.
Ainda podem ser vistas inúmeras pinturas e esculturas de coleções particulares, que começam a ser expostas nos vários centros culturais recém-criados na cidade por industriais que têm a mesma preocupação com a cultura e as artes que Francisco Inácio Peixoto. Por todos estes motivos é que Cataguases pode ser considerada uma das Riquezas de Minas.
Robson Matos
Orgulho de ser mineiro de Cataguases

Pergunta ruim, mas resposta inteligente!


Robson Matos


Este texto é uma singela homenagem a um aluno que jamais sairá do meu coração.
Esta história foi um exemplo para mim do que deve ser valorizado dentro de sala de aula.
Não citarei o nome. Todos sabem quem é. Inclusive ele.
Lógico que não é o único que mora no meu coração!
Cada um
dos meus alunos continuarão morando dentro do meu coração.
Tenho espaço para todos.
Não sei dizer especificamente a data deste ocorrido. Talvez tenha sido logo na terceira semana após o meu debut na nova universidade. Ainda era aquele período bastante tenso. Receio de não ser aceito pelos alunos, receio de não me fazer compreendido. Ah! lógico, nenhum recomeço é diferente do início.
Lá estava eu frente a uma turma bem grande (aproximadamente 80 alunos) assumida no meio do semestre, fatores complicados para uma nova estreia. Tratávamos de configuração eletrônica e sua conexão com a tabela periódica. Ah um assunto, a meu ver, extremamente fascinante. Colocado de forma clara, o assunto provoca um imenso fascínio nos estudantes. Eles descobrem que nada precisa ser decorado! Esta era a minha intenção! Precisava trazer ao máximo os alunos para o assunto! Até porque era uma aula do último horário noturno. Alunos cansados loucos pela chegada o horário de voltar para casa. Alguns deles tendo que viajar quilômetros antes de poderem recostar em suas camas aconchegantes e dar o dia por findo.
Após explanar tudo, ou quase tudo, sobre configuração eletrônica, passei à tabela periódica. Tomado pela ansiedade, que aqueles mais próximos a mim já conhecem, fiz a seguinte pergunta:
- Então, quantos elementos têm no primeiro período?
Ah! Em frações de segundos veio a resposta. Ah, detalhe, ela não foi dirigida a mim:
- Ai gente, o pessoal do primeiro período levanta a mão por favor! O professor quer saber quantos somos!
Não sabia o que dizer. Não sabia como reagir. Abaixei a cabeça para refletir por alguns segundos e nada me restou a não ser dar gargalhadas.
Lógico, minha pergunta não foi bem formulada! A piada é velha! Diria até muito velha! Mas acho que o que conta é o momento. Não posso dizer que a pergunta foi infeliz. Muito pelo contrário. Acho que a pergunta foi muito feliz. Feliz no sentido de ter dado a oportunidade de eu como professor permitir uma maior proximidade com meus alunos.
A resposta? Ah com certeza uma resposta inteligente e perspicaz. Uma resposta capaz de realçar o que a universidade deve mais incentivar em seus estudantes - a criatividade e a liberdade de expressão. São estas duas palavrinhas mágicas que somadas com o corpo docente, com o corpo de técnicos administrativos e com o corpo discente resultam em uma instituição de ensino forte.
Até então, se quer era capaz de lembrar o nome deste aluno, tanto que me dirigi a ele de uma maneira bem mineira:
- Aqui, ô flamenguista!
Neste momento ele respondeu com uma voz um pouco trêmula e apreensiva:
- Sim professor, desculpe-me!
Então, comecei a rir mais ainda e lhe disse:
- Não quero que peças desculpa. Quero lhe parabenizar. Minha pergunta não foi bem formulada e você foi muito inteligente na resposta.
Tempos depois, este aluno me disse que achou que eu o expulsaria de sala naquele dia.
Disse-lhe:
- Lhe expulsar de sala seria o mesmo que assinar meu pedido de exoneração, pois estaria demonstrando a minha total incapacidade de valorizar a criatividade e a liberdade de expressão.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Chopp na areia da praia

Chopp na areia da praia

Robson Matos



Dia destes curtia um chopp gelado na areia da praia e descobri que esta atividade pode ser muito mais interessante que eu imaginava. Lógico ser mais interessante vai depender do local, da hora e da pessoa ao seu lado. Não acredita? Então escute minha experiência.
Estava eu contemplando a maravilhosa paisagem que o mar nos oferece e bebericando um chopp geladinho sob o sol de Rio das Ostras quando a mulher ao meu lado disse algo. Voltei à Terra e lhe disse:
-Desculpe, estava longe!
Então ela repetiu:
- Dizia que não existe paisagem mais bonita, não é mesmo?
- Ah! Com certeza não existe!
Concordei eu. E aí como que fazendo juz ao apelido a mim dado pela minha filha mais nova, ou seja, boca frouxa, continuei a conversar.
Ela me disse que era professora em uma das universidades federais da região e continuou, sem tomar folêgo e sem a oportunidade de me apresentar, listando suas qualidades profissionais. Ela dizia ter defendido tese de doutorado dois anos atrás e que havia publicado três artigos. Segundo ela eram poucos dentro das universidades brasileiras com tantos artigos publicados. Engoli seco, mordi a língua e decidi apenas ouvir. Ah! Pensa bem, domingo, sol gostoso, chopp gelado e paisagem maravilhosa para que haveria de me estressar e rebater tamanha asneira? Continuei ouvindo e de quando em quando puxava a língua da professora ao meu lado. Ela me disse então que era professora na região desde 2008. Ou seja, findo o doutorado havia logo sido aprovada para o concurso de uma universidade federal. E aí me disse:
- Não deve passar pela sua cabeça o que isto representa. Para se tornar professora em uma universidade você tem que provar que você é muito competente, ter publicado muito e enfrentar uma banca com cinco professores a lhe examinar! Muito difícil, mas graças à minha competência fui aprovada em primeiro lugar.
Só balancei a cabeça como que dizendo que concordava com a dificuladade mas decidi me manter em silêncio.
Foi quando ela pediu a minha opinião sobre uma decisão que ela estava prestes a tomar. Pensei em lhe dizer:
- Olha, não sei se sou a pessoa mais gabaritada para a aconselhar tamanha sumidade. Imagina eu, um reles mortal, me atrever a aconselhar uma intelectual!
Mas logo pensei que não valeria a pena atrapalhar o meu domingo regado a chopp. E lhe disse:
- Se puder ser útil, será um prazer!
Ai ela narrou a situação. Estava muito irritada com os colegas de universidade pois havia sido convidada para fazer um estágio de pós doutoramento em São Paulo e eles não a haviam liberado. Então ela imaginou em pedir demissão. Minha resposta foi simples:
- Olha, acho que você deveria pensar com muito carinho. Se exonerar de um cargo no serviço público é algo para muita reflexão! Como você mesma disse, não é para qualquer um!
Ai ela disse que talvez eu tivesse razão e depois de quase 30 minutos de autoelogio ela resolveu puxar a minha língua. Bom, ai não teve como... Foi algo mais ou menos assim:
- Você trabalha onde?
- Trabalho em uma outra universidade federal na região.
- A você é técnico administrativo!
- Não! Sou professor.
- Ah, é? De que?
- De química.
- Ah! Então você não tem doutorado, não é?
Não entendi como ela chegou a esta brilhante, mas erronea conclusão! Mas fato que chegou!
Ai lhe respondi com um simples não.
- Tenho doutorado sim defendi minha tese 18 anos atrás, disse e continuei
-Publiquei quase sete vez mais artigos que você.
Esta afirmação associada ao fato de eu ser professor desde 1994, lhe caiu como uma bomba. Mas, uma bomba tão violenta que ela decidiu se despedir sob a alegação de que o sol estava escaldante. Se despediu, ai até um pouco mais humilde, dizendo que havia sido um prazer. Tive até direito a três beijinhos! Imagina! Três beijinhos de uma intelectual!
Com a sua partida, fiquei refletindo sobre tudo aquilo e várias perguntas ficaram sem respostas.
1) O que leva uma pessoa a se achar maior que a outra sem se quer ouvir o lado contrário, ou o lado pisado?
2) Por que as pessoas que chegam ao topo da pirâmide não estendem a mão às outras para que a pirâmide da desigualdade social se inverta?
3) Por que as universidades estão infestadas de pessoas desse gênero?
Dias depois, comentei com uma grande amiga esta situação e falei:
- Poxa, fico tão triste com pessoas deste tipo que se tornam afetadas por causa da função que ocupam!
Ai ela me disse:
- Robson, isso tem mais a ver com a essência de cada um do que com a função.
Tive que concordar. Ela estava absolutamente correta, mas continuei:
- É, espero que pelo menos a vida lhe ensine que a humildade é que nos torna grande!
De novo, minha amiga me ensinou:
- A vida ensinar? Se na idade dela ainda não aprendeu algumas coisas básicas, é ruim aprender agora...
Nossa! Tão inteligente esta minha amiga, não é? Ah! Vocês precisam conhecê-la! Em um outro momento lhes apresento.


Qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência! Por mais absurdo que possa aparentar, as universidades brasileiras possuem uma população extremamente elevada deste tipo de pessoa. São os autodenominados intelectuais! Causa-me nojo tal termo em função da história acima.