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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Riquezas de Minas - Cataguases

Artigo publicado inicialmente no Jornal da Apubh – Ano 3 – no. 8 de Outubro de 2006

Robson Matos


Muitas são as riquezas de Minas. Terra da Inconfidência, do barroco rococó, do pão de queijo, da cachaça de qualidade... Ainda é possível listar músicos e grandes músicas, cidades históricas, como Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e São João Del´Rey, estâncias hidrominerais, o ouro, os diamantes, a seresta, Juscelino... Todas riquezas e conhecidas...
O que talvez poucos saibam é que nosso Estado também é o berço do cineasta Humberto Mauro, da Revista Verde e do Modernismo. Filho de Volta Grande, mas criado em Cataguases, Humberto Mauro é pioneiro na transição do cinema mudo para o cinema falado. Glauber Rocha o considerava o pai do Cinema Novo. Em 1925, Humberto Mauro fundou nessa pequena cidade da Zona da Mata Mineira a Phebo Filmes do Brasil S.A. que, em cinco anos de existência, produziu grandes clássicos como Braza Dormida, Thesouro Perdido e Sangue Mineiro. Mauro também é considerado o pioneiro da profissão de cineasta no Brasil. A história do cinema brasileiro é dividida em vários ciclos regionais. De todos, o Ciclo de Cataguases é um dos mais importantes, tanto pela originalidade dos filmes, quanto pela revelação de uma das figuras mais marcantes do cinema brasileiro.
No entanto, essa cidade de menos de 100 mil habitantes, conhecida como Princesinha da Zona da Mata, tem outras histórias culturais. Foi ali, que, em 1927, Ascânio Lopes, Camilo Soares, Enrique de Resende, Fonte-Boa, Francisco Inácio Peixoto, Guilhermino César, Martins Mendes, Oswaldo Abritta e Rosário Fusco criaram a Revista Verde, a principal publicação modernista de Minas e uma das mais significativas do país. A revista teve a colaboração de vários ases da literatura brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, Emílio Moura, Martins Mendes e Mário de Andrade. O fim da revista coincidiu com a morte de Ascânio Lopes, em 1929, mas Martins Mendes e Francisco Inácio Peixoto ainda permaneceram em Cataguases.
Peixoto foi industrial, escritor, mecenas e professor. Financiou vários movimentos culturais da cidade e foi o responsável por levar a arquitetura modernista para a cidade ao encomendar a Oscar Niemeyer o projeto de sua casa e, posteriormente, de um grande colégio. Tanto sua casa quanto o colégio contam com jardins de Burle Marx e esculturas de José Pedrosa e Jan Zach. Após estes projetos, seguem-se outros em estilo modernista, como a Igreja Matriz de Santa Rita, projetado por Edgar Guimarães do Valle; o Hotel Cataguases, a Casa de Saúde, um clube social, um teatro, várias praças públicas projetadas por Francisco Bolonha, residências etc. Cataguases pode ser considerada hoje um museu do modernismo a céu aberto, pois são encontrados em locais públicos painéis de Emeric Marcier, Anísio Medeiros, Djanira e Portinari, além de esculturas de Bruno Giorgi e Jan Zach.
Ainda podem ser vistas inúmeras pinturas e esculturas de coleções particulares, que começam a ser expostas nos vários centros culturais recém-criados na cidade por industriais que têm a mesma preocupação com a cultura e as artes que Francisco Inácio Peixoto. Por todos estes motivos é que Cataguases pode ser considerada uma das Riquezas de Minas.
Robson Matos
Orgulho de ser mineiro de Cataguases

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