A escravidão do século XXI!
Robson Matos
Os mais ricos nunca aceitaram muito bem
a abolição da escravatura, muito menos a CLT. Na realidade, a classe mais
poderosa nunca gostou do trabalhador!
A Fiesp, a criadora do ridículo pato
amarelo, sempre exigiu dos inquilinos do Palácio da Alvorada menos impostos e,
principalmente a desoneração da folha. Em contrapartida, ofereciam mais
investimentos. Todavia, eles nunca deixaram claro que esses investimentos
seriam feitos nas Bolsas de Valores e não na geração de emprego.
Assim, iam conquistando benesses para ludibriar
a CLT e repetindo que não pagariam o pato. Realmente, nunca pagaram! O pato
sempre foi pago pelos trabalhadores com congelamento de salários, reforma da
previdência, reforma das leis trabalhistas e terceirização. Todas essas
reformas tiveram um único efeito: aumentar o ganho dos empresários. Os tão
prometidos ganhos – aumento do investimento público e diminuição do desemprego
– nunca chegaram.
A terceirização, embora seja uma lei de
1974, só ganhou força na década de 1990 com um governo neoliberal travestido de
social democracia. A partir daí, só cresceu e quando o inquilino do Palácio da
Alvorada era o Presidente Golpista, foi aprovada uma lei que permite a
terceirização para atividades-fim e até a “quarteirização”, ou seja, uma
empresa terceirizada pode contratar os serviços de outra empresa terceirizada.
Os gananciosos chamam essa manobra de
ludibriar a CLT de terceirização, nós chamamos de precarização. As empresas de
terceirização, grosso modo, atrasam salários e deixam de pagar benefícios como
Previdência, INSS, etc. A grande empresa que terceirizou a mão de obra fecha os
olhos para essas ilegalidades, fingindo não ser com ela.
Mas, isso não foi suficiente para a ganância
dos empresários e a terceirização virou empreendedorismo com o surgimento dos
famosos aplicativos.
Não há qualquer vínculo empregatício entre
os trabalhadores e a empresa de aplicativos, eles são considerados autônomos.
Ou seja, não possuem 13o salário, contribuição previdenciária,
férias remuneradas, auxílio alimentação, auxílio transporte, etc.
Nós, da classe média, diante de uma
opção mais barata ao serviço de táxi, por exemplo, aderimos e fizemos crescer
ainda mais esses serviços. Em algum momento pensamos na relação trabalhista
entre a empresa de aplicativo e aquele motorista que lhe ofereceu uma opção mais confortável que o táxi?
Da mesma forma, o crescimento dos
aplicativos de entrega foi vertiginoso. Já são dezenas de aplicativos diferentes espalhados por todo o país e todos eles com o mesmo objetivo: entregar uma mercadoria explorando os motobóis. Essas empresas aproveitaram-se da alta taxa de
desemprego no país para explorar esses trabalhadores, ou melhor, esses “empreendedores”
(aff!).
Vendo que seus ganhos eram mínimos, os “empreendedores”
– prefiro dizer que são escravos do século XXI – abandonaram as motos e passaram
a utilizar bicicletas para diminuir os custos.
Durante a pandemia, a situação dessas
pessoas se agravou. A classe média se manteve confortável e segura em seus
lares e eles, abandonados às suas próprias sortes. Estão expostos aos riscos de
contaminação e abandonados pelos aplicativos que continuam obtendo mais lucros
e se preocupando apenas com suas “maquininhas de cartão”.
Inúmeros foram os relatos de acidentes
com esses trabalhadores e ao invés de apoiá-los, as empresas se preocuparam em
correr para buscar a “maquininha de cartão” e fazer com que a entrega não atrasasse e prejudicasse seus negócios!
Assista ao depoimento desse “empreendedor” (Paulo Lima) e tire suas conclusões sobre a real situação que eles vivem.
Depois de assistir, se você não for
capaz de apoiar o #BrequedosApps, você precisa repensar os seus conceitos!
Não use os aplicativos, pelo menos
hoje!
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