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segunda-feira, 13 de julho de 2020

A doentia sociedade brasileira


A doentia sociedade brasileira

Robson Matos


Além da pandemia da Covid-19, o Brasil vive também uma epidemia de arrogância e desrespeito ao outro. Desnecessário dizer que esse mal vem sendo incentivado pela Rainha Louca e seus familiares.

A familícia vive dentro de seu próprio mundo e seguindo os passos de seu progenitor desferem ataques constantes a todos que se opõem a eles. Por outro lado, sentem-se ofendidos quando lhe atacam ou desejam mal. É o caso, por exemplo do 02 – aquele vereadorzinho do Rio de Janeiro – que se acha no direito de exigir dos chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário uma punição aos que desejam a morte da Rainha Louca. Das duas uma, ele é um hipócrita ou esquecido.


Acho que não preciso repetir as inúmeras frases proferidas pela Rainha Louca durante toda essa pandemia. Dia sim e outro também, o Presidente da República demonstrava total desprezo pelas vidas ceifadas pelo novo coronavírus. Não houve qualquer palavra de apoio e/ou consolo às famílias que perderam seus entes para essa terrível doença. Fato é que a Rainha Louca não possui qualquer sentimento de empatia ou humanidade e isso e muito bem resumido por José de Abreu.

 

Esse movimento errático e sem empatia tem sido transferido para uma parte da sociedade. Importante salientar, entretanto, que o sentimento de desprezo pelo outro sempre reinou entre algumas pessoas e não é uma novidade o que tem sido mostrado na mídia e nas redes sociais. Todavia, muitas dessas pessoas decidiram “sair do armário” com o incentivo da Rainha Louca.

Sob a égide da interpretação equivocada de dois pontos da Constituição Cidadã – o direito de ir e vir e a liberdade de expressão – essas pessoas passaram a agredir outros e a colocar em risco a saúde pública.

Essa despreocupação com o outro ficou evidente na reabertura dos bares na cidade do Rio de Janeiro no início desse mês, quando dominou a arrogância e o desrespeito à saúde pública.

 

O veto absurdo e equivocado da Rainha Louca a alguns artigos do PL 1562/2020 do Congresso Nacional – obrigatoriedade do uso de máscaras – trouxe um conflito desnecessário e levou à um aumento da relutância, por parte da população, em usar máscaras. O desrespeito ao uso de máscaras tem levado a agressões, como mostrou uma reportagem do Fantástico ontem.

 

Infelizmente, a sociedade brasileira está voltando à fase do “você sabe com quem está falando?” e todos se acham no direito de agredir e menosprezar o outro. Foi o caso do casal na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro.


O casal foi, merecidamente, execrado nas redes sociais. A mulher demonstrou desprezo por um servidor público e o colocou abaixo do seu marido, aquele que não era cidadão, mas sim “engenheiro civil formado”. O servidor, elegantemente não a rebateu e não quis lhe mostrar quem ele era. Todavia, sinto-me no dever de mostrar quem é o servidor público que foi verbalmente agredido.

 

Após o ocorrido, a “cidadã”, casada com o “não cidadão” perdeu o emprego. Um amigo do casal ainda teve a coragem de sair em defesa deles. Além do mais o homem foi hipócrita pedindo que se coloque amor e paremos de agredi-los.



Mas, a hipocrisia, a valentia e o ar de superioridade do casal não parou por aí. Disseram que a única coisa de que se arrependem foi de ter saído naquele dia. Eles entendem que têm o direito de cobrar e que o dever do servidor público é servi-los. Direito de cobrar eu até concordo! Aliás, todos deveríamos cobrar as autoridades, mas de forma educada. Quanto à definição de servidor, entendo que eles estão equivocados. O dever de um servidor público é o de servir ao Estado e não ao cidadão. Nós, servidores públicos, temos o dever de cuidar do bem-estar da população e foi esse papel que o Superintendente Flávio Graça tentou cumprir.

O desrespeito ao próximo é frequente e muitos não se escondem para dizer que não usam máscaras. Tem até aqueles que usam, falsamente, a proteção Divina para justificar. É óbvio, contudo, que existem aquelas pessoas que se preocupam em se colocar no lugar do outro e conseguem entender a necessidade do uso de máscaras.

 

Como mostrou a reportagem do Fantástico, o desrespeito é tão grande que três advogados entraram com duas ações na justiça para tentar garantir o direito de não usar máscara. Em uma das ações o juiz já negou o pedido. Na outra ação, a briga continua e o advogado que garantiu o direito de não usar máscara concedeu uma entrevista a Marcos Uchôa e depois pediu que a entrevista não fosse exibida. Será que desistiu da ação ou ficou envergonhado do papelão? Opto pela segunda opção.


Perceba que o advogado fala em supressão de direitos e de liberdades. Essa, para mim, é a grande questão. Embora não seja da área do direito, não se pode dizer que a obrigatoriedade do uso de máscaras ou de distanciamento social esteja infringindo qualquer direito individual do cidadão. Não podemos esquecer que o meu direito termina onde começa o do outro. Ao não usar a máscara, estou infringindo o direito do outro em se proteger da doença. O uso da máscara protege muito mais o outro que a si mesmo. Talvez esteja faltando um pouco de humanidade na aplicação do direito. Estranho, não é mesmo? O direito é considerado uma área das Ciências Humanas!

E o advogado santista nos fornece um outro exemplo do comportamento de vários cidadãos. Sem qualquer formação na área de cuidados à saúde, imagino eu, ele classifica a máscara como sendo um placebo. Será que, dentro em breve, ele repetirá a hipocrisia do amigo do casal da Barra da Tijuca ao dizer que está sendo agredido e que é preciso um pouco mais de amor? 


Felizmente, existem advogados com mais consciência coletiva e que defendem o interesse coletivo acima do interesse individual nesses casos.


Não há como negar que essas pessoas que se negam a usar máscaras seguem o exemplo dado pela Rainha Louca, como mostrou a reportagem do Fantástico.


Marcos Uchôa, na sua reportagem na edição do Fantástico de ontem, mostrou um grupo de fanáticos nos Estados Unidos que condenam o uso de máscaras. Por lá, como pode ser visto, o uso de máscaras tornou-se, como aqui, um debate político com o envolvimento de Deus e até do diabo. A determinação do uso de máscaras faz parte de uma ditadura comunista, segundo eles.

  
Meu grande medo é de o guru da Rainha Louca e seu clã – o charlatão que vive na Virgínia – decidir se unir a esse grupo e essa ideia se alastrar no Brasil.

Mas, a falta de empatia e/ou respeito com o outro e sua dor não se restringem ao uso de máscara. O desrespeito à dor das famílias judias tem sido uma constante e têm sempre causado indignação. O caso mais recente foi da Dra. Cloroquina – Nise Yamaguchi. Ela acabou sendo suspensa da equipe de médicos do Hospital Albert Einstein, que foi fundado por famílias que sofreram com o horror do holocausto.


Depois do estrago à sua própria imagem, a Dra. Cloroquina resolveu refletir sobre as consequências de seu discurso e emitiu uma nota pedindo desculpas, da qual extraímos o trecho a seguir (grifo nosso):

...Por tudo aqui já relatado, é cristalino o entendimento de que nunca foi ela antisemita, ao contrário, expressa verdadeira e irrestrita admiração ao conhecimento e toda a contribuição que o povo judeu deu ao planeta, quer por suas percepções cientificas, quer pela sua convivência mais íntima.
Por fim, manifesta o pedido de desculpas por expressões outras e interpretações errôneas sobre assuntos sensíveis ao grande sofrimento judaico que envolveram seu nome, pois é solidária à dor dessa ilustre comunidade como a maior das atrocidades de nossa história ocidental.
Suas palavras, objeto de interpretações não condizentes com suas convicções, foram manifestadas no intuito de expressar a maior dor que ela conhece”.

Observe que ela é apenas mais uma, dentre os vários “agressores”, a terceirizar a culpa. Normalmente, as pessoas sem empatia tendem a culpar o outro dizendo que o problema está na interpretação.

Ando cansado dos chamados “cidadãos de bem” e suas hipocrisias.

O pastor e deputado Otoni de Paula proferiu um ataque grotesco, patético e recheado de palavras de baixo calão contra o Ministro Alexandre de Moraes.


Grosso modo, essas pessoas se valem da chamada “liberdade de expressão”. No entanto, elas não conseguem entender que a liberdade de expressão não lhe dá o direito de agredir o outro. Portanto, em nada diferem desses que insistem em não usar suas máscaras.

Fica cada dia mais claro que a chamada Igreja Evangélica serve no Brasil para esconder pilantras e hipócritas que se valem de um discurso para arrecadar dinheiro dos pobres e praticarem atos contrários ao que apregoam. É o caso, por exemplo, do Pastor Marco Feliciano que parece ficar buscando fotos eróticas no Twitter, como mostrou a Patrícia Lélis (@lelispatrícia) em uma de suas postagens.


A falta de empatia e respeito, não é de hoje, já atinge a força policial brasileira. Mais uma vez, a Polícia Militar paulista protagonizou outra cena lastimável e covarde. Dessa vez, o policial mimetizou o que aconteceu com George Floyd.


Se você entende que o mal causado pela elevação ao poder desse traste ocorreu apenas na área política e econômica, você está enganado. A República da Rainha Louca está causando um mal imenso nas atitudes de parte da população brasileira.

Não basta um simples pedido de desculpas, as Organizações Globo precisam entender que são corresponsáveis pelo golpe que retirou a Dilma do poder e que culminou com o caos que vivemos hoje.




Um comentário:

  1. É isso mesmo! Essa parte da população se sente protegida com seus representantes no poder.

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