A que veio o Ministro Coveiro?
Robson Matos
Desde a sua indicação, venho mostrando nesse espaço que o Dr. Teich é
um instrumento do Presidente da República acabar com o isolamento social,
reabrir a economia e levar milhões de brasileiros à morte. No dia de ontem, tivemos
mais uma clara demonstração dessa atitude. A entrevista coletiva foi anunciada
como “breve” e estava ocorrendo em função da pressão da imprensa por respostas
ao recorde do número de óbitos registrado no dia de ontem.
Inicialmente, devemos registrar a mudança visual da entrevista. Os
coletes do SUS deixaram de ser a vestimenta oficial dos membros do MS. Muitas
pessoas tiveram dificuldade em reconhecer o Secretário de Vigilância em Saúde,
Wanderson Oliveira, membro da equipe do Ministro anterior trocou o colete do
SUS por um belo terno. Muito provavelmente por ordem do economista privatista,
outrora médico, Dr. Teich.
Na coletiva que durou pouco mais de 15 minutos, com respostas a quatro
perguntas previamente selecionadas, o Ministro Coveiro reconheceu que a
situação vem se agravando e apontou a sua já tradicional solução para o
problema: “vamos continuar acompanhando”. O Dr. Teich não respondeu qualquer
pergunta por mais de 30 segundos e em todas elas passou a bola para o Wanderson
ou para o General que ocupa a Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.
O Ministro Coveiro, como de hábito, mostrou-se carrancudo e alheio a
tudo. Seu aspecto físico e postural tem gerado inúmeros “memes” nas redes
social levantando suspeitas de que ele possa estar “chapado”. Logicamente, não acredito
que isso possa ser verdade. Entendo como um comportamento frio e calculista.
Em resposta à primeira pergunta o Ministro Coveiro aponta que o
aumento do número de óbitos desde a última quinta feira era esperado e
demonstra que a curda pandêmica está crescendo. A resposta foi dada de maneira
fria, calculista e sem apontar qualquer solução para se evitar esse aumento
preocupante que tem sido observado. A pergunta mais espinhosa envolvia
questionamentos sobre as ações que têm sido feitas, junto com Estados e
Municípios, para se evitar o aumento do número de mortes e se o aumento do
número de mortes poderia ser resultado de um tratamento ruim. O Dr. Reich pediu
que a pergunta fosse repetida de forma resumida. O Ministro Coveiro respondeu
que existem aportes financeiros, envio de respiradores, EPI, etc. Repetindo o
que disse a comentarista Mônica Waldvogel, ele parecia ser o “chefe do
almoxarifado” e não um ministro.
Em nenhum momento durante a entrevista foi citado os termos “isolamento
social” ou “deslocamento social”. Epidemiologistas, profissionais da área de
saúde e autoridades responsáveis, que se baseiam na ciência, têm apontado que a
única maneira de se diminuir o contágio do novo coronavírus é através do
isolamento social. A breve entrevista de ontem deixou muito claro que o MS nada
tem feito no sentindo de se evitar a expansão da pandemia no Brasil. O Ministro
Coveiro e seu Secretário Executivo têm apontado soluções efetivas única e
exclusivamente para equipar hospitais, o que logicamente é uma boa ação, mas
precisamos é de uma forma de conter o avanço da Covid-19 e não entupir os hospitais
de doentes.
Mais uma vez a entrevista serviu para reforçar o que venho dizendo
sobre o Ministro Coveiro. E mais, ficou claro que ele arrumou um Secretário
Executivo que ficará responsável pelas equipes que abrirão covas.
Cada dia do Teich à frente do Ministério da Saúde tem confirmado a
análise que fiz sobre os motivos da saída do Mandetta (clique aqui),
ou seja, o fim do isolamento social. Esse é um ministro fraco politicamente,
sem qualquer traquejo de oratória e sem qualquer iniciativa para enfrentar uma
crise sanitária de proporções jamais vistas no Brasil.
Triste é um país que sente saudades do Mandetta, que mesmo com seu
passado de tentativas de desmontar e privatizar o SUS, soube conduzir com
maestria o combate à pandemia da Covid-19.
Quando imaginávamos que nada de ruim ainda pudesse vir de Brasília, somos
surpreendidos. A entrevista coletiva fria e sem diretrizes para a solução da
situação que vivemos não foi o último ato dessa peça dantesca que assistimos
desde o primeiro dia do ano de 2019.
Praticamente na mesma hora em que o Ministro Coveiro concedia a breve
entrevista, o Presidente da República, como de costume, apresentava seu
tradicional espetáculo de horrores à frente do Palácio do Planalto. Ao ser
questionado sobre o número recorde de mortes ele respondeu: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o
quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”.
Esse é um Governo sem qualquer respeito a seu povo. Sem qualquer respeito
à dor das famílias que perderam seus entes queridos. Não temos um líder! Temos
uma pessoa demente dirigindo o país. Uma pessoa que foi eleita e que continua
governando para o gueto que o elegeu. Uma pessoa sem capacidade de unir o país
em uma hora tão difícil que atravessamos. Uma pessoa que ao meio à maior crise
sanitária que o país atravessa se preocupa em ser reeleito, salvar sua cria da
punição pelos erros que cometeram e permitir que as milícias tenham acesso a
mais armas.
Faz-se necessário, e a cada dia mais premente, que as instituições
democráticas desse país coloquem um freio definitivo em todo esse desrespeito
que temos assistido por parte do presidente.
Desculpe-me Sr. Rodrigo Maia, se realmente o vosso interesse é que a
Câmara dos Deputados trate dos assuntos referentes ao combate à pandemia, a
ordem do dia mais importante a ser tratada é o impeachment do Presidente da
República. Nenhuma ação será mais eficiente para combater o novo coronavírus
que essa.
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