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quarta-feira, 29 de abril de 2020

A que veio o Ministro Coveiro?


A que veio o Ministro Coveiro?
Robson Matos

Desde a sua indicação, venho mostrando nesse espaço que o Dr. Teich é um instrumento do Presidente da República acabar com o isolamento social, reabrir a economia e levar milhões de brasileiros à morte. No dia de ontem, tivemos mais uma clara demonstração dessa atitude. A entrevista coletiva foi anunciada como “breve” e estava ocorrendo em função da pressão da imprensa por respostas ao recorde do número de óbitos registrado no dia de ontem.

Inicialmente, devemos registrar a mudança visual da entrevista. Os coletes do SUS deixaram de ser a vestimenta oficial dos membros do MS. Muitas pessoas tiveram dificuldade em reconhecer o Secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, membro da equipe do Ministro anterior trocou o colete do SUS por um belo terno. Muito provavelmente por ordem do economista privatista, outrora médico, Dr. Teich.

Na coletiva que durou pouco mais de 15 minutos, com respostas a quatro perguntas previamente selecionadas, o Ministro Coveiro reconheceu que a situação vem se agravando e apontou a sua já tradicional solução para o problema: “vamos continuar acompanhando”. O Dr. Teich não respondeu qualquer pergunta por mais de 30 segundos e em todas elas passou a bola para o Wanderson ou para o General que ocupa a Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.

O Ministro Coveiro, como de hábito, mostrou-se carrancudo e alheio a tudo. Seu aspecto físico e postural tem gerado inúmeros “memes” nas redes social levantando suspeitas de que ele possa estar “chapado”. Logicamente, não acredito que isso possa ser verdade. Entendo como um comportamento frio e calculista.

Em resposta à primeira pergunta o Ministro Coveiro aponta que o aumento do número de óbitos desde a última quinta feira era esperado e demonstra que a curda pandêmica está crescendo. A resposta foi dada de maneira fria, calculista e sem apontar qualquer solução para se evitar esse aumento preocupante que tem sido observado. A pergunta mais espinhosa envolvia questionamentos sobre as ações que têm sido feitas, junto com Estados e Municípios, para se evitar o aumento do número de mortes e se o aumento do número de mortes poderia ser resultado de um tratamento ruim. O Dr. Reich pediu que a pergunta fosse repetida de forma resumida. O Ministro Coveiro respondeu que existem aportes financeiros, envio de respiradores, EPI, etc. Repetindo o que disse a comentarista Mônica Waldvogel, ele parecia ser o “chefe do almoxarifado” e não um ministro.

Em nenhum momento durante a entrevista foi citado os termos “isolamento social” ou “deslocamento social”. Epidemiologistas, profissionais da área de saúde e autoridades responsáveis, que se baseiam na ciência, têm apontado que a única maneira de se diminuir o contágio do novo coronavírus é através do isolamento social. A breve entrevista de ontem deixou muito claro que o MS nada tem feito no sentindo de se evitar a expansão da pandemia no Brasil. O Ministro Coveiro e seu Secretário Executivo têm apontado soluções efetivas única e exclusivamente para equipar hospitais, o que logicamente é uma boa ação, mas precisamos é de uma forma de conter o avanço da Covid-19 e não entupir os hospitais de doentes.

Mais uma vez a entrevista serviu para reforçar o que venho dizendo sobre o Ministro Coveiro. E mais, ficou claro que ele arrumou um Secretário Executivo que ficará responsável pelas equipes que abrirão covas.

Cada dia do Teich à frente do Ministério da Saúde tem confirmado a análise que fiz sobre os motivos da saída do Mandetta (clique aqui), ou seja, o fim do isolamento social. Esse é um ministro fraco politicamente, sem qualquer traquejo de oratória e sem qualquer iniciativa para enfrentar uma crise sanitária de proporções jamais vistas no Brasil.

Triste é um país que sente saudades do Mandetta, que mesmo com seu passado de tentativas de desmontar e privatizar o SUS, soube conduzir com maestria o combate à pandemia da Covid-19.

Quando imaginávamos que nada de ruim ainda pudesse vir de Brasília, somos surpreendidos. A entrevista coletiva fria e sem diretrizes para a solução da situação que vivemos não foi o último ato dessa peça dantesca que assistimos desde o primeiro dia do ano de 2019.

Praticamente na mesma hora em que o Ministro Coveiro concedia a breve entrevista, o Presidente da República, como de costume, apresentava seu tradicional espetáculo de horrores à frente do Palácio do Planalto. Ao ser questionado sobre o número recorde de mortes ele respondeu: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”.

Esse é um Governo sem qualquer respeito a seu povo. Sem qualquer respeito à dor das famílias que perderam seus entes queridos. Não temos um líder! Temos uma pessoa demente dirigindo o país. Uma pessoa que foi eleita e que continua governando para o gueto que o elegeu. Uma pessoa sem capacidade de unir o país em uma hora tão difícil que atravessamos. Uma pessoa que ao meio à maior crise sanitária que o país atravessa se preocupa em ser reeleito, salvar sua cria da punição pelos erros que cometeram e permitir que as milícias tenham acesso a mais armas.

Faz-se necessário, e a cada dia mais premente, que as instituições democráticas desse país coloquem um freio definitivo em todo esse desrespeito que temos assistido por parte do presidente.

Desculpe-me Sr. Rodrigo Maia, se realmente o vosso interesse é que a Câmara dos Deputados trate dos assuntos referentes ao combate à pandemia, a ordem do dia mais importante a ser tratada é o impeachment do Presidente da República. Nenhuma ação será mais eficiente para combater o novo coronavírus que essa.

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