Novas impressões sobre o Ministro da Saúde: Um mero porta voz da “Rainha
Louca”
Robson Matos
Minha ideia
inicial, desde a indicação do novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, era tentar
trazer uma análise sobre as ações por ele tomada no combate à pandemia
provocada pelo novo coronavírus. Infelizmente, fui impedido pelo seu repentino
sumiço desde a sua posse. Só hoje, três dias depois da primeira análise feita
por mim (https://robsonmmatos.blogspot.com/2020/04/primeiras-impressoes-do-novo-ministro.html)
pude tentar escrever alguma coisa, mesmo que poucos parágrafos.
Após dizer em sua posse que trabalharia 24 horas por dia por 7 dias na
semana, o Ministro viajou na manhã seguinte para o Rio de Janeiro. A saudade da
família falou mais alto que o combate à pandemia.
Para diminuir o imenso mal-estar causado pelo fato dos Presidentes dos
Conselhos Estadual e Municipal de Saúde terem sido barrados na cerimônia de
posse, Teich enviou carta a eles se desculpando e dizendo que a participação
deles é fundamental para o MS. Da sua participação na reunião do G-20, pouco se
sabe. Sabe-se que afirmou que o Brasil seguirá as normas da OMS, segundo uma “live”
publicada pelo Ministério da Saúde no dia 18 do corrente mês. Ontem, em uma nova
“live” o Ministro afirmou a compra de mais testes e que o MS faria, então um
total de 46 milhões de testes e que o relaxamento do isolamento social seria
feita de maneira segura, coordenada e gradual.
No sábado, começaram a surgir rumores. O primeiro deles teria sido a
respeito de um discurso do Teich para os servidores do MS. Na ocasião ele disse
que para a escolha de seus assessores ele não se importaria com o passado deles
e que faria uma escolha técnica. O segundo rumor que surgiu dizia respeito a um
posicionamento contrário a esse, dando conta de que o presidente não aceitaria
qualquer membro da equipe do Mandetta e indicaria um General para o cargo de Secretário
Executivo do Ministério (grosseiramente falando, o número 2 de um Ministério).
No dia de hoje o segundo rumor foi confirmado e o Ministro já se reuniu com o
General que comandou a chamada Missão de Acolhida dos Venezuelanos em Roraima.
Em face dessas parcas informações, tentarei traçar as minhas impressões sobre
o que podemos esperar do novo Ministro.
Acredito ser consenso de que a credibilidade adquirida pelo Mandetta
durante o seu período no MS deve-se às entrevistas coletivas concedidas
diariamente, inicialmente na sede do Ministério e posteriormente no Palácio do
Planalto. Tudo indica, essa não será mais a conduta do novo Ministro. As
entrevistas devem ser substituídas por “lives” e os novos casos e óbitos serão fornecidos
como números frios. Há de se lamentar profundamente essa atitude. Isso demonstra
claramente que o novo Ministro não possui coragem suficiente para enfrentar as
perguntas dos jornalistas, muitas vezes espinhosas, ou ele já recebeu ordens
explícitas de que não pode confrontar as ideias do presidente. Não se pode
negar, também, que o Teich possui uma péssima oratória e grande dificuldade em concatenar
e expressar suas ideias. Teremos, pois, que nos contentar com as “lives”, tendo
o fundo a foto do presidente em substituição ao outrora símbolo do SUS. Diga-se de passagem,
que o fortalecimento do SUS é fundamental para o combate à pandemia.
Quero salientar,
também, que uma entrevista coletiva seria extremamente importante para que o
Ministro pudesse explicar para a população sobre a testagem que ele pretende
implementar à frente do Ministério. Várias preguntas precisam de respostas e
citarei algumas delas:
1. Que tipo de testagem
será aplicada, PCR ou testes rápidos?
2. Qual a infraestrutura
para esses testes? Qual a capacidade atual do Brasil em realizar os testes PCR?
3. Qual será a
política para a realização destes testes?
4. Quais os tipos de
dados o senhor pretende recolher, haja visto que na sua opinião os dados
obtidos anteriormente não estavam corretos ou não serviam?
5. Como será feita a
coordenação dos trabalhos com Governadores e Prefeitos?
Essas são
apenas algumas perguntas para as quais a população gostaria de uma resposta.
Outro fator
extremamente preocupante é a falta de autonomia do Ministro em escolher a sua
própria equipe de trabalho. O trabalho frente a um Ministério tem que ser feito
por um grupo de pessoas no qual o Ministro deposita total confiança. A presença
de um General no cargo de Secretário Executivo não me agrada nem um pouco. Me
remete ao período da Ditadura Militar quando os militares maquiavam os dados.
Isso é preocupante. Mais preocupante ainda quando sabemos que o Presidente tem
demonstrado diuturnamente o desejo de acabar com o isolamento social e sabemos
que o Ministro é contrário, pelo menos nesse momento, ao fim do isolamento.
Aterrorizante,
também, não saber a opinião do Teich em relação à atitude do Presidente ao participar
de uma manifestação e provocar aglomerações. O MS recomendava o uso de máscaras
(não sabemos a posição do atual ministro sobre o assunto) e o Presidente não a
usava e estava tossindo muito.
Diante do
exposto, só posso dizer que as minhas impressões sobre o Ministro são as piores
possíveis. Não o vejo como um líder, não o vejo como uma pessoa com capacidade política
de aglutinar Governadores e Prefeitos, não o vejo com capacidade política para
negociar pontos necessários ao combate à pandemia com o Congresso Nacional e
não o vejo com capacidade para cativar a confiança da sociedade.
O Ministro
da Saúde não passara de um simples consultor técnico obedecendo ordens de um
Presidente que prefere ver o aumento do número de mortes ao aumento do
desemprego. Por isso continuarei a denomina-lo o Ministro Coveiro primeiramente
por ele fisicamente me lembrar da figura de um agente funerário da minha cidade
natal na minha época de criança e em segundo lugar por ele não se preocupar com
a vida.
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