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quinta-feira, 17 de maio de 2012

O elo perdido

O ELO PERDIDO 

Robson Matos
Aqueles que me conhecem mais de perto sabem que não acredito que "joga-se conversas fora". Conversar é sempre um aprendizado! Por isto, sempre que decido tomar um chopp à beira mar não perco a oportunidade de conhecer novas pessoas e na maior parte das vezes aprender um pouco mais da vida.
E foi numa destes belos bate-papo que ouvi uma história maravilhosa. Uma história que envolve carinho, paixão e amor. Fiquei tão impressionado com a história que decidi compartilhar com vocês.
Após trocarmos algumas palavras e de nos apresentarmos, Ricardo começou a me dizer que por volta de 1990 ele morava na Europa onde fazia seu doutorado. À época ele tinha seus 27 anos, recém-casado e era daqueles caras que estava sempre pronto a ajudar os brasileiros que chegavam para realizar seus estudos. Fazia aquilo com imenso prazer. A intenção de Ricardo era oferecer algo àqueles que lá chegavam, que ele próprio não teve, ou seja, conforto.
E sempre que Ricardo tinha notícia de uma nova família de brasileiros chegando à universidade ele buscava uma aproximação e tentava lhes mostrar o caminho das pedras para se viver bem na Europa. Foi assim que ele conheceu a Joana e sua filha Sandra, que à época tinha por volta de 20 anos. Ricardo disse-me que as achou extremamente simpáticas. Todavia, sua esposa (Carina) as achou um tanto quanto petulante. Mas, Ricardo logo me alertou que sua esposa à epoca não se dava bem com quem pudesse ser mais encantadora que ela. Logo pensei, ela deve ser arrogante! Os arrogantes não gostam de deixar de ser o centro das atenções! Mas Ricardo não deu muito atenção à opinião da esposa e acabou tornando-se muito próximo de Joana e Sandra. Passados alguns meses Joana recebe suas duas outras filhas Andrea (17 anos) e Márcia (14 anos). Todas elas passam a ser presenças contantes na casa de Júlio e Carina. Eram pessoas encantadoras e a presença delas era sempre certeza de alegria nas reuniões dos finais de semana. Márcia era a mais bela das três filhas de Joana. Uma menina bela, simpática, alegre, carinhosa e cheia de vida. Júlio sempre se sentia muito bem nestes encontros. Ele sempre gostou de estar cercado de amigos comendo, bebendo, conversando, ouvindo música e trocando experiências de vida.
Porém, Ricardo começou a perceber que as festas ficavam mais tristes quando Márcia não estava presente. Foram as ausências de Márcia que lhe fizeram olhá-la com outros olhos. Ricardo passou a fitá-la, apesar da grande diferença de idade! E sempre que tinha uma oportunidade lá estava Ricardo abraçado à Márcia. Os abraços eram naturais e puros! Sempre cheios de carinho. Aquele carinho começou a transformar-se em uma paixão desenfreada. Ricardo começou a desconfiar que a paixão pudesse ser recíproca. Foi neste momento que ele se encheu de felicidade. Era, segundo ele, uma felicidade como ele jamais havia sentido. Ao mesmo tempo era uma paixão pura. Márcia acabara de completar 15 anos e Ricardo, em respeito à grande diferença de idade e em respeito ao fato de ser uma pessoa casada, jamais avançou o sinal. Ricardo jamais tentou beijá-la ou tentou uma carícia um pouco mais ousada. Mas Ricardo se sentia cada vez mais deslumbrado por aquela linda jovem.
Como que não mais suportando toda aquela situação, Ricardo chega à conclusão que não havia mais sentido em manter aquele casamento. Todavia, ele não tinha a menor intenção de separar e passar a namorar com a Márcia. Isto não passava pela sua cabeça. Mas ele queria sim, estar livre e esperar que Márcia chegasse a uma idade mais madura.
Júlio então sentou com Carina e lhe disse que gostaria de colocar um ponto final naquele casamento. As explicações foram um tanto quanto fluidas. Júlio disse que não se sentia bem vivendo com ela, pois sentia-se aprisionado. Ele queria ter o direito de ir e vir sem dar satisfação. Para ele aquele relacionamento parecia muito mais uma prisão. Mas faltou-lhe coragem e ele acabou cedendo e não se separando. Sentiu pena da Carina! Ah Júlio! Pena é o pior sentimento que uma pessoa pode sentir pela outra! Mas esta foi a grande verdade.
Mas, inconscientemente, Ricardo sentiu raiva vez que a partir deste momento, ele começou a dar muito mais atenção para a Márcia toda vez que todos se reuniam novamente.
Sempre programavam viagens e passeios juntos. Era uma turma grande! Algumas viagens contavam com mais de 10 pessoas. Nestas viagens Júlio era visto muito mais vezes abraçado à Márcia que à Carina. Muitas vezes Carina era deixada para trás e Júlio seguia abraçado à Márcia. Vez ou outra Júlio deixava a Márcia de lado e se abraçava à Sandra e à Andrea como que para despistar para os outros a paixão que ele sentia por Márcia.
Os meses foram passando e Márcia e Andrea decidem voltar ao Brasil. Houve uma festa de despedida para as duas em uma boate. Foi uma festa linda que ficou marcada dentro do coração de Júlio. Ele se sentia em júbilo. Estava perdendo algo que lhe fazia muito feliz naquele continente frio. Porém, foi neste dia que Júlio pode perceber com muita força que a paixão era recíproca. Após haver dançado muito com Márcia ele a levou para uma escada um pouco mais escondida. Ele achava que havia chegado a hora de contar à Márcia sobre a sua paixão e que um dia iria atrás dela. Infelizamente ele não conseguiu dizer, pois logo a Andrea chegou e os três começaram a conversar. Júlio lembra-se que os três choraram muito. Ele tinha um carinho muito especial pela Andrea também, mas nada se comparava ao carinho que ele sentia pela Márcia. Contudo, suas lágrimas não se comparavam às lágrimas da Andréa. A Andréa chorava por estar deixando para trás alguém que ela talvez tenha aprendido a ter como amigo. Júlio chorava porque sentia que além de estar perdendo duas belas amigas, estava perdendo a sua chance de ter um verdadeiro amor. Júlio sentia que junto com a Márcia estava indo parte do seu coração. Até hoje Júlio condena Andrea de não ter dado um primeiro beijo na Márcia.
Disse a ele que talvez devesse agradecer à Andrea por ter chegado naquela hora. É preciso entender, caro Júlio, que tudo na vida tem sua hora, tem seu momento. O momento com certeza não era aquele. Mas isto é coisa que só aprendemos com o tempo, com a idade.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo texto! Lindissimo! Tinha tempo que não lia seu blog, senti falta! Incrivel o dom que você tem com as palavras! Prossiga espalhando essa paz que você exala! Você será sempre meu mestre, meu "pai", minha inspiração. Beijos, Amanda Rocha.

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