Pesquisar este blog

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Movimento Docente: A Volta ao Passado

MOVIMENTO DOCENTE: A VOLTA AO PASSADO

Robson Matos

Sempre é bom visitar o passado para  entender o presente e planejar o futuro. Neste sentido, quero fazer algumas reflexões sobre o movimento docente, mais especificamente o movimento docente das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). A intenção é na busca de um crescimento e fortalecimento do movimento. Lógico, com certeza minhas reflexões levarão a inúmeras críticas, mas acredito que ainda existam pessoas capazes de travar um bom debate, mesmo em cima de pontos dos quais elas discordem.

Pois bem, volto ao ano de 2004, mais especificamente ao dia dos professores daquele ano. Estava fundada uma nova entidade para representar a categoria dos professores das IFES, em contraposição à ANDES. O PROIFES sempre foi um anseio de grande parte dos docentes de várias IFES. A ANDES, até hoje, é um aglomerado de professores com interesses distintos, ou seja, sob o seu guarda-chuva estão professores de universidades federais, estaduais, confessionais e privadas. Isto se justificava quando da sua criação, uma vez que os funcionários públicos não podiam ser sindicalizados. A legislação evoluiu, mas infelizmente a ANDES não. Esta mistura de interesses levou a uma briga judicial com o SINPRO que impediu a obtenção do registro sindical da ANDES. 

Era prática corriqueira da ANDES a intransigência nas negociações. As greves eram praticamente anuais e sempre decididas dentro do Congresso, muito antes da abertura de negociações com o governo. O PROIFES nasce em função desta intransigência e da possibilidade de efetivamente negociar com o Governo Federal. 

Com o PROIFES em cena, ocorre uma visível modificação no cenário. A entidade recém-criada passa a debater com o governo os temas mais relevantes para as IFES. Temas como carreira docente, Reforma Universitária, REUNI, dentre outros. Via de regra, a ANDES se posicionava de forma enfática contra tudo. Sua bandeira era: VAMOS BARRAR ESTA REFORMA! 

Inicialmente, as ações da ANDES passam a ser de desqualificação da entidade criada. Acusava seus fundadores e seus apoiadores de governistas, pelegos e traidores. Em um segundo momento, mas sem abandonar o ataque de desqualificação do PROIFES, ela aceita participar de todas as mesas de negociação e grupos de trabalho em torno da agenda para as IFES proposta pelo MEC. 

Neste ponto o movimento docente assume um novo patamar, talvez retornando aos níveis áureos dos anos 1980. Apesar da pecha de governistas, o PROIFES obtém ganhos substanciais para os docentes das IFES. A criação da classe de professor associado, o fim da GED, a incorporação da GAE, etc.

Todavia, estes áureos tempos logo vira passado. Por volta de 2007, o PROIFES se torna mais do mesmo, se iguala à ANDES. Alicerçado no desmembramento da ANDES através da criação de vários sindicatos locais, o PROIFES entra em uma briga desnecessária tentando se tornar um Sindicato Nacional. Para tanto teve o apoio de centrais sindicais extremamente governistas. Alguns de seus diretores passam a assessorar o governo federal e com isto acabam perdendo força.

A criação do PROIFES poderia ter servido a mola-mestra para a modernização da ANDES e do próprio movimento docente. Mas, infelizmente, muitos outros objetivos estão por trás de ambas as entidades e nenhuma das duas foi capaz de re-inventar o movimento docente.

É preciso re-inventarmos o movimento docente nas IFES. Somos formadores de opinião e estamos dentro de uma instituição com características para fomentar o debate do mais alto nível. 

Precisamos de um movimento que realmente se origina na base. 

Antes que alguém se aproveite da minha reflexão para atirar-me pedras, já digo: tenho orgulho de ter sido um dos fundadores do PROIFES. Receber a pecha de governista por isto não é considerado por mim um insulto. No bojo destas acusações estão as minhas participações nas mesas de negociações que levaram aos maiores ganhos dos docentes na década de 2000. 
    

Um comentário:

  1. Sem falar que, tanto Andes, quanto Proifes são aparelhos de partidos: Andes do PSTU e PSOL, Proifes do PT e PCdoB.

    ResponderExcluir